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Depois da publicação há dias do relato que o Padre José Carlos Alves Vieira publicou no seu livro de 1923, resolvi escrever algumas linhas actualizadas, quase cem anos depois. Sendo certo que não terei o mesmo dom de prosa que o autor, tentarei compensar isso com o facto de não precisar de cicerone para uma visita ao cemitério de S. Cristóvão.
Há quase 30 anos que visito o local, desde que com 12 ou 13 anitos nas férias com a minha irmã, a Babi, o Ricardo e a Eliana começamos a explorar as cercanias de Ruivães. Antes desses passeios exploratórios ouvíamos o Sr. José "do Silvino", que nos fazia sempre a contextualização do sítio bem como a indicação dos melhores acessos. Ao longo destes anos perdi a conta de quantas vezes subi ao alto de S. Cristóvão. Sozinho ou acompanhado foram inúmeras as vezes. A última das quais levamos pela primeira vez a Laura que, com os seus 4 anos, só saberá disto quando vir esta fotografia.
Contrariamente ao referido pelo Padre José Carlos e noutro documento de 1906, não me recordo que o local esteja mais degradado agora do que há 30 anos. É certo que o tôjo, a giesta e algumas silvas têm vindo a ganhar terreno mas creio que o local permanece imutável. Há cerca de dez-doze anos ainda vi milho plantado no terreno central, mas nos últimos anos até os pinheiros que circundavam todo o espaço foram cortados sem haver plantação nova.
A paisagem que o Padre José Carlos descrevia como uma "vista onde se delicia num vasto horizonte, cheio de verdura e de luz", continua igual, embora agora marcada por postes e linhas de alta tensão que das subestações de Frades e da Botica seguem junto ao Cávado até às grandes cidades. Do penedo que "emergia no centro do local" vislumbramos as aldeias da freguesia de Cabril bem definidas na encosta da Serra do Gerês. Para o outro lado, as nossas aldeias de Espindo e Zebral e os "contrafortes" da Cabreira ....
Os acessos a S. Cristóvão melhoraram nos últimos anos, fruto de intervenções das Juntas de Freguesia, Junta de Agricultores e da empresa Aguas do Ave (hoje Aguas do Norte). Aquando da construção do depósito de água por esta empresa alargou-se o caminho da Botica e hoje é possível chegar bem perto do local com uma viatura ligeira. O acesso pela Portela de Paredes também foi calcetado há cerca de 15 anos.
Nas primeiras incursões lá vimos os bocados de tijolo "evidente sinal de ter por ali vivido gente". Destas últimas vezes não tenho encontrado nada, se calhar tapados pela vegetação ou falta de atenção. Aquando do estudo feito nos finais dos anos 90 do século passado - início deste século, ainda se viam muitos pedaços de tijolo.
Não foram os "sete sábios do mundo moderno" conforme pedia o Padre José Carlos Alves Vieira mas foi o Núcleo de Arqueologia da Universidade do Minho que fez até hoje o mais completo estudo sobre o local. Referem o local como um povoado aberto que terá tido ocupação no período romano-suevo-visigótico e na idade média. Estarão aqui as origens da actual aldeia de Ruivães, ao tempo, S. Martinho de Vilar de Vacas. Ainda há muito para descobrir sobre este local que merece ser preservado tanto quanto possível. Por essa razão foi solicitada a sua classificação como sítio de interesse público, estando pendente de abertura de procedimento de classificação.
Subam a S. Chistovão ...
1 comentário:
As voltas que demos para lá chegar da primeira vez.... Mas valeu, e bem, o esforço!
Continuo a ir a S. Cristóvão sempre que me é possível, Verão ou Inverno. O bichinho já foi passado ao Miguel há quase 4 anos; a Maria apanhou o bichinho no ano passado. Agora já são eles que pedem para ir fazer esse passeio! Só falta a mais velha... e a sua preguiça para andar ;)
O local é maravilhoso e precisa de ser acautelada a sua preservação. É necessário dar-lhe maior e melhor atenção, preservando aquilo que faz parte do nosso passado e do património de Ruivães, que é de todos nós. Isto é válido para outros locais, sítios e edifícios da freguesia.
Eu subo a S. Cristóvão!
Ana Miranda Duarte
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