terça-feira, 30 de janeiro de 2007

Sessão de esclarecimento sobre a despenalização da interrupção voluntária da gravidez


Decorreu no passado Domingo, dia 28 de Janeiro, no salão da Casa de Dentro "Capitão-mor", uma sessão de esclarecimento sobre a despenalização da interrupção voluntária da gravidez, com vista ao referendo de 11 de Fevereiro próximo. A iniciativa foi promovida pelo movimento cívico de cidadãos, Minho com Vida.


A sessão, com a participação de cerca de três dezenas de pessoas, contou com os esclarecimentos médicos do Dr. Artur Barros – Médico especialista em medicina interna, no Hospital de Ponte de Lima – e com uma apresentação teórica sobre o que está a ser referendado, por parte de uma professora do departamento de Educação da Universidade do Minho, Dra. Carla Fontes.


Depois dos esclarecimentos e da interpretação da frase que será colocada à votação em referendo, a plateia foi esclarecida acerca das consequências desta votação, quer a nível médico, quer a nível do sistema de saúde público.


Um dos momentos altos ocorreu quando os oradores fizeram passar pela assistência um pequeno boneco em barro com as dimensões, morfologia e peso aproximados de um feto de 10 semanas.


Mais tarde, o Dr. Artur Barros, utilizando termos médicos de fácil compreensão, explicou o porquê da sua opção pelo NÃO e, mais uma vez, antecipou as consequências para a mulher, para a saúde em Portugal e para a sociedade, na eventualidade de vitória do SIM.


No final da sessão de esclarecimento, os ouvintes tiveram oportunidade de colocar as suas questões e esclarecer algumas dúvidas que persistiam.


De lamentar a pouca adesão de público a esta iniciativa. De facto, frequentemente se ouvem os Ruivanenses a dizer que se consideram abandonados, sem iniciativas na sua terra; quando as mesmas ocorrem, poucos são os participantes.


Tratava-se de uma iniciativa que visava esclarecer dúvidas. Nada era imposto, nem sequer o sentido de voto. Não se compreende, pois, a pouca adesão do público. Estarão as pessoas esclarecidas o suficiente ou apenas preferiram ficar pelo café ou pela rua em amena cavaqueira?


 


 


Age de forma que a máxima de tua conduta possa ser sempre um princípio de lei natural, universal e imutável" – Kant


 


 


Ana Duarte


7 comentários:

Carla disse...

A pouca adesão das pessoas as estas iniciativas não se prenderá com a idade avançada das pessoas, assim como com a pouca divulgação da mesma. Não esqueçamos, ainda que por Ruivães há muita gente que não sabe ler. Mas, acima de tudo uma população que continua viver do saber de experiência feito e poucas brechas deixa para iniciativas novas.

paulo disse...

a divulgaçao foi a que sempre é feita na nossa freguesia: alguns cartazes espalhados, passa a palavra e a mais importante de todas, o anuncio na Missa de Domingo. O "problema" aqui é que a maior parte da populaçao - como a Carla bem diz - é idosa e, para eles, esta "luta" nao e deles; nao se interessaram em se informar nem tao pouco vão exprimir a sua opiniao no proximo dia 11 e isso sim é bem mais importante.

cARLA disse...

concordo consigo: Infelizmente na Democracia Portuguesa ganha sempre a abstenção. Será que a abstençaõ não deveria levar os políticos a questionarem-se? Se calhar a abstenção é sinónimo de descridibilização da vida política, social e económica do país... à beira mar plantado...e tão bom... para o turismo. E recentemente bom para investir dado os nosso baixos salários, como proferiu o nosso Manuel Pinho.

Pedro Morgado disse...

Apenas uma correcção:
Não se tratou de uma sessão de esclarecimento mas sim de uma acção de campanha.

As acções de esclarecimento pretendem esclarecer. As acções do Minho com Vida (como o movimento, e bem, assume) pretendem convencer as pessoas a Votar de uma determinada forma. Não confundamos os termos.

Se fosse uma acção de esclarecimento (independente!) se calhar haveria mais gente. Em Nogueiró (Braga) estiveram 15 pessoas... Em Dume estiveram 10...

O que seria da campanha do Não se não fossem as missas???

Paulo disse...

para quem (obviamente) defende uma opinião contrária, dá-se ao trabalho de contabilizar todos os presentes nessas acções de campanha!!!

acções de campanha fazem os dois lados e quer-me parecer que se uns têm missas como diz, outros têm alguma comunicação social a falar da "urgente necessidade" para alterar a lei, etc., etc....

Carla disse...

Tratando-se de um assunto deveras dificil e, por conseguinte, não consensual, importa que aceitemos opiniões contrárias às nossas. O ataque pessoal torna-se nefasto. Há que ter em conta a divergência de opiniões e ponderar com clarividência e sagacidade as questões éticas e morais. Mais, a escala valorativa varia de homem para homem e, se de facto, alguns valores são tidos como objectivos, a grande maioria limita-se a uma objectividade relativa. O espaço ao debate deve tomar forma, escutando-se as duas partes: o "sim" e o "não". E não esqueçamos que neste assunto como em muitos outros, e não nos façamos de inocentes, não é apenas o esclarecimento que está em causa, todos querem convencer o auditório de que a sua opinião é a melhor. A retórica utiliza-se desde a antiga Grécia pelas mãos dos Sofistas e os nossos políticos fazem dela sua arma de arremesso. A exactidão do número de pessoas presentes em sessões como estas não é relevante, o que importa verificar é se as presentes sentiram ser esclarecedora a sessão. Finalizo dizendo: VOTEM de acordo com a vossa CONSCIÊNCIA!!! A consciência de cada um é, talvez, o maior juíz de todos.

Pedro Morgado disse...

Caro anónimo "Paulo",
Eu não contabilizei nada porque a única iniciativa em que participei foi um debate organizado pelo NEMUM e pela RUM com a presença de Daniel Serrão pelo Não e Pinto da Costa pelo Sim.
Simplesmente tenho uma amigo do Minho com Vida que me disse esses números e a quem eu próprio já disse que não concordo com a nomenclatura "sessão de esclarecimento" que eles dão às sessões de campanha pelas diferentes paróquias do país.