Os fojos de lobo da Serra da Cabreira são armadilhas de caça para captura de lobos, formados por dois paredões que, convergindo para um poço, “desenham” uma planta em Na Serra da Cabreira existem três fojos que se implantam ao longo da linha de festo definida pelos topónimos Trovão, Pau da Bela, Entre Fojos, Alto do Seixo e Cortegacinhas, com orientação predominante Noroeste - Sudeste. O Fojo do Ribeiro do Fojo ou Fojo de Pau da Bela (Fojo 1), a Este, o Fojo do Ribeiro das Figueiras Bravas (Fojo 2), em Entre Fojos e a Oeste o Fojo Novo (Fojo 3). Este fojos, segundo o Arqueólogo Luís Fontes, da Unidade de Arqueologia da Universidade do Minho, ‘j..j inscrevem-se no tipo mais comum de fojos em “V” frequentes nas serras do Noroeste (...)“ (Fontes, 1998:8) apresentando contudo aqui “(...) algumas particularidades interessantes: o Fojo.1 possui um paredão transversal, característica que se identifica num outro exemplar, o Fojo Novo da Ermida, na serra Amarela, construído antes de meados do século XVIII; o Fojo.3 apresenta uma bateria de pequenos abrigos, que se destinariam a acolher os caçadores, que daí disparavam contra os lobos, funcionando portanto como uma espécie de “portas de caça” ou “casamatas” (Fontes, 1998:10).
As montarias ou batidas, iniciavam-se a partir das aldeias do sopé da serra sendo necessário para a total apreensão do funcionamento deste “sistema”, considerar, como refere o Arqueólogo Luís Fontes, [.1 como elemento fisiográfico constituinte do sistema, toda a linha de cumeada da serra da Cabreira, desde o Trovão à Chã do Prado. Para os lobos afugentados pela barulheira dos batedores e acossados pelos cães, a cumeada da serra era uma espécie de linha de não retorno, pois a sua passagem implicava a descida em direcção aos fojos (...) “(Fontes, 1998:10).
O padre Alves Vieira, na sua obra “Vieira do Minho, Notícia Histórica e Descriptiva” descreve assim uma montaria:
“Os nossos antigos deliciavam-se com as montarias. Era um dia de festa rija e de grandes emoções. Havia em cada freguezia um capataz, encarregado de avisar os caçadores e de os guiar. Cada freguezia batia o seu montado com varapaus, emquanto outros disparavam os velhos bacamartes carregados de zagalotes. Tudo isto acompanhado de berros e gritos estentoreos. Havia sitios especiaes, d’onde os capatazes, chrismados com o nome significativo de e)as, davam signaí uns aos outro, advertido da existência ou não do lobo. Esses signais eram dados com o chapeu posto na bocca do respectivo bacamarte.(...)
Havia um ponto em que se reuniam todas as freguezias. Então assumia o comando um só chefe, a que davam o nome de cciudel, tendo por subalternos os chefes de cada freguezia. A batida então era impressionante, medonha, clamorosa, trágica. Se adregava de aparecer o lobo, os clamores eram alguma coisa de apavorante e feroz, os ares estrugiam com as pragas.(...)” (Vieira, 1923:146). A existência destes grandiosos monumentos na serra é testemunho inequívoco do grande peso que a pastorícia deveria ter nas economias destas populações, já que as áreas aplanadas e depressionárias da cumeada da Cabreira foram e são zonas importantes de pastoreio extensivo, com as suas “(...)chãs húmidas ricas em pasto, onde ainda se conservam cabanas e currais de abrigo utilizados desde a Idade Média pelos pastores das aldeias vizinhas, no tradicional sistema sazonal das vezeiras.” (Fontes, 1998:7).
3 comentários:
Os meus sinceros parabens pelo excelente blog que publica acerca da sua terra, Ruivães.
Fiquei curioso com as paisagens e faço tensões de brevemente conhecer essa magnifica terra.
Continue com o blog, ficarei atento.
Um abraço
obrigado pela visita e pelo elogio; volte sempre pois há actualizações quase diárias e não deixe de nos visitar mesmo, Ruivães é uma terra que vale a pena visitar.
Este blog é espectacular. Só falta música. Adoro a Natureza, o Património e a Cultura. Continuem a divulgar o que de melhor há no nosso país. Bem haja.
Maria VC
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