sábado, 22 de março de 2008

O Mutilado de Ruivães












Mais precisamente no Século XIX o romance histórico floresceu e marcou sua época.

Mas, de quando em quando, num eterno vaivém de ressaca de mar, ele vai aparecendo aqui e acolá. È que, singularmente considerado, este género literário transporta sempre cargas ou motivações ideológicas, estéticas ou culturais.

Assim, importa atender aos pendores naturais dos estudiosos na prospecção dos factos históricos das diversas fontes de informação.

E convém desde já esclarecer que, no caso presente, foi a tradição oral, uma das fontes primárias, que mais cuidadosamente foi desenvolvida e confrontada, sempre na mira de achar a verdade.

Este género criou, desde logo, raízes fundas na alma do Povo, nesse povo que tanto acarinha e sente as gestas e as virtudes dos seus Maiores. Só isto bastaria para formar o conceito e, até, uma filosofia da história, como ponto de partida para a narração de «o todo» duma Grei que lhe deu fixidez, beleza, alma e vida na perenidade gráfica do prelo.

Decididamente, o romance histórico é um juízo de valor didáctico-pedagógico, e da maior importância cultural e sentimental.

Bifurcado em objectivos diferentes, este trabalho nada tem a ver com literatura mais ou menos engenhosa, nem prossegue fins materiais.

Negar, em suma, merecimento ao romance histórico é enveredar por um cepticismo tal que mais valeria dobrar a finados por quem assim o julga e pensa porque, esse, já se estrangulou vítima do seu raciocínio estático.

 Exacto. Quebre-se o pragmatismo, jogue-se na opinião da crítica. E, segundo os cânones, a uma só voz, proclame-se:



NlHll. OBSTAT. IMPRIMATUR





LIVRARIA CRUZ

BRAGA







Nota de abertura:



A história das pequenas terras vai ficando esquecida diante de certos fenómenos sócio-económicos, derivados do urbanismo avassalador; apagam-se da lembrança dos homens os feitos dos seus antepassados; olvidam-se os fastos de outrora; morre a gesta da tradição, a prática das virtudes ancestrais, a nobreza dos bons costumes regidos na austeridade de princípios morais ainda hoje indiscutíveis, que foram as pedras com que se construiu a Nação, a fizeram grande e a levaram a expandir-se pelo Mundo. Morreu no coração dos homens a poesia que envolve as coisas belas que o Passado nos legou; secaram-se as fontes que nasciam da alma e corriam límpidas para o mar da fantasia e do sonho, mas que ajudavam a viver.


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