Nota da Autora
Tudo quanto aqui é descrito resultou da convivência com o Pároco que me baptizou. Se parecer crítica, isso está relacionado também com a figura controversa que foi Monsenhor Alberto de quem me propus falar.
Sei que ele me estimava, respeitava e até admirava, mesmo quando estivemos em desacordo. Daí que me atreva o oferecer este texto ao leitor e a homenageá-lo mais uma vez, prefigurando nesta atitude, um contributo para a futura Monografia de Ruivães.
Procuro aqui que as virtudes se sobreponham aos defeitos quando relato factos que possam, eventualmente, ser objecto de reparo; isto só foi possível porque a este homem sobraram-lhe características humanas positivas. Sabe disso quem o conheceu bem.
A História de Ruivães já no pode ser contada sem o Padre Alberto quer queiram quer não. E é bom que as pessoas de valor não caiam no esquecimento das entidades que têm como dever perpetuar a memória dos seus melhores.
Um dia outros acrescentarão este percurso solitário, talvez com artes mais eruditas e relatos novos.
Omitem-se nomes de pessoas, excepto dois ou três pela sua importância na explicação dos pormenores em que se inserem, dado que, para escrever estas páginas e as publicar, no consultei sendo a minha memória, embora agradeça ao eleito o privilégio de mas possibilitar escrever.
A forma mais afectuosa e próxima que encontrei para tratar o meu Pároco foi a dupla de letras pequeno alberto!
Ele que me desculpe. Um Guerreiro Gigante, a desafiar e/ou contemplar o Mundo com olhar de Buda, nunca será um anão!!!
Ermelinda Silva
Síntese Biográfica
Padre Alberto José Gonçalves, nasceu em 18 de Maio de 1925 na Póvoa de Lanhoso, Fontarcada. Era filho de António José Gonçalves e Ermelinda de Jesus Lopes.
Iniciou os estudos no Seminário de Nosso Senhora da Conceição em Braga, dia de Nossa Senhora do Rosário, a 7 de Outubro de 1938, com 13 anos de idade.
Foi ordenado Sacerdote, dia da Anunciação do Senhor, a 25 de Março de 1950, na Igreja do Seminário Conciliar.
Celebrou Missa Nova em Fontarcada no dia 16 de Abril de 1950.
A 12 de Junho do mesmo ano, concluiu o Curso Teológico – ano em que já era Prefeito do Seminário.
Tomou posse das Paróquias de Ruivães e Campos no dia de São Bartolomeu, a 24 de Agosto do mesmo ano.
Mais tarde, em Março de 1977, foi nomeado Pároco de Salamonde.
Criou o Posto da Telescola em Ruivães em 1968 – oficializado em 1970.
Abriu o Colégio S. Martinho de Ruivães em 1970.
Exerceu o cargo de Presidente da Junta de Freguesia entre 1960 e 1974.
Em 1993, aposentado da Telescola, lecciona na Escola das Minas da Borralha.
A 25 de Novembro desse mesmo ano é eleito e confirmado nas funções Arcipreste do Concelho de Vieira do Minho.
Em 1993 nasceu a ideia do Mini-Lar, concluído em 1998.
Foi elevado a Monsenhor em 22 de Agosto de 1995.
Faleceu a 14 de Dezembro de 2003, rodeado de muito carinho, na Paróquia que o recebeu quando foi ordenado Sacerdote.
Breve Narrativa
Teria os seus doze anitos quando ao voltar do mês de Maria, cavaqueando quase em silêncio mútuo com um dos seus colegas, pelos caminhos que iam dar à Casa da Mãe, lhe perguntava:
- Ó José, será que eu tenho jeito para ir pró Seminário? - ainda não sabia o que era falar em vocação – !
- E continuava: é que sinto o meu coração apertado e fica muito pequenino e a bater, quando na Missa e no Terço olho muito tempo para o Senhor Abade!
- O outro respondia-lhe:
Olha, Alberto eu não vou porque depois tenho de viver
sozinho, sem filhos e sem família, só com a criada. Não vês o Senhor Prior? Eu quero muita gente em casa, ir por esse mundo fora, conhecer e aprender com a vida sem ter que me matar a estudar. Além disso tenho aqui as recordações na pele que a nossa professora primária me deixou das reguadas que me deu. Não me apetece estudar mais. Antes quero ser vadio do que voltar aos livros.
sozinho, sem filhos e sem família, só com a criada. Não vês o Senhor Prior? Eu quero muita gente em casa, ir por esse mundo fora, conhecer e aprender com a vida sem ter que me matar a estudar. Além disso tenho aqui as recordações na pele que a nossa professora primária me deixou das reguadas que me deu. Não me apetece estudar mais. Antes quero ser vadio do que voltar aos livros.
O Alberto, olhou-o pelo cantinho do olho, riu-se para si mesmo, fez uma grande pausa, bateu com uma vara nos muros do caminho por onde passava, assobiou aos pássaros, olhou o Céu e disse ao outro: - Já decidi. Vou para o Seminário. E vai ser a primeira noticia que vou dar a minha querida mãezinha neste mes de Maio.
(...)
Título: O pequeno Alberto
Autora: Ermelinda de Jesus Silva
Composição e Impressão: Grafipóvoa, Lda.
Tiragem: 500 exemplares
1ª Edição: Agosto de 2004
Depósito Legal: 215212/04
Artigo corrigido em 21 de Maio de 2008.
14 comentários:
Finalmente alguém escreveu sobre uma pessoa que deixou marcas positivas e negativas.
A justiça tarda, mas vem...
O seu a seu dono.
Entrando pela noite dentro com os meus trabalhos, nomeadamente académicos, fiz esta pausa e decidi fazer um reparo ao texto aqui publicado do livro em causa. Na síntese biográfica aparece "Perfeito do Seminário". Deve ler-se "Prefeito do Seminário" pois é esse o termo correcto, tal como aparece na terceira página da 'Breve Narrativa' do livro, e cujo significado pode ser consultado em qualquer dicionário ou enciclopédia.
Neste 18 de Maio recordamos o Aniversário natalício do falecido Padre Alberto com um quadro que o invoca como fundador do Centro Social, e que ficará exposto na Entrada do Lar de Idosos. Por coincidência, também aqui se lembra o Padre Alberto. Espero que a Comunidade lhe faça a devida homenagem. Da minha parte ela será feita, e já está a ser preparada.
Deixo um apelo: que haja "caridade" no que se diz e se escreve a respeito do Padre Alberto. Várias vezes "ela" tem faltado.
Eu sou mais exigente com o conteúdo e menos com a forma.
Recebi tantos elogios! Agora, mais um.
Obs. Eu apenas dei autorização para colocar o livro na NET. Quem escolheu ser nesse dia 18, foi o dono do Blog. E já foi há muito tempo. Aliás se me dissesse que ia ser posto no dia 18 de Maio eu não permitiria. Não gosto de ser vedeta! E muito menos aceito que façam de mim palhaço.
Já sou velha demais para circos.
O dono do Blog corrigiu o livro não o artigo. Um livro só pode ser corrigido pelo seu autor em edição posterior.
Essa correcção nunca deveria ser feita porque é das páginas do livro que se trata. Mas compreendo a intenção.
Pouco importa se prefeito é perfeito uma vez que poucas pessoas saberão o que significa.Não precisei de consultar dicionário porque eu praticamente nasci dentro das coisas da Igreja e toda a vida fiz formação variada em Teologia e em Fenomenologia da Religião que me habilitam a falar com propriedade e substância das coisas da Igreja Católica e das Religiões em geral, para além da Filosofia.
Se não sabiam, agora já sabem. Vão consultar que encontrarão!
Dou uma ajuda: Patriarcado de Lisboa, Universidade Católica de Lisboa, Universidade Nova de Lisboa.
e Universidade do Minho .
Só sei que a coragem faltou a muita gente na hora de dizer algumas verdades. Ninguém ergueu a voz para se despedir deste Homem, um grande Ruivanense e um Padre cinco estrelas para o tempo.
Este livro é por assim dizer um monumento ao saudoso Padre Alberto que tanto fez pela Vila de Ruivães e não só. No dia do seu funeral a autora deste mesmo livro, despida de preconceitos e com o coração, disse de sua justiça perante o cadáver do seu Pároco. Foi um acto bonito, vindo de uma pessoa grande que tem a coragem de ser agradecida.
Pela sua cultura universitária e humanista Ermelinda Silva sabe muito bem como se escreve e a diferença entre perfeito e prefeito. Mas a gralhas acontecem, não só nos nossos computadores como também, e sobretudo, nas gráficas.
Mas o que realmente conta é que foi Ermelinda Silva a primeira e única pessoa a homenager publicamente este Grande Homem que em vida se chamou Alberto José Gonçalves.
Já agora seja-me permitido lançar a idéia da publicação de uma biografia, ainda que reduzida, do Dr. Augusto Tavares. Linda da Serra, erudita ruivanense, talvez nos possa brindar com esse trabalho biográfico que ficaria a perpetuar o nome dese grande homem-médico, a quem a Vila tanto deve.
A casa.muito bem recuperada, já tem háanos uma lápide, mas o que está escrito, está escrito, e ainda que as pedras caiam e as lápides também, os livros são quase perpétuos.
Aqui fica a sugestão
isso é uma excelente ideia. a propósito da lápide, estou a ver se consigo "recuperar" para publicação aqui os discursos e outras coisas que haja referente a essa homenagem feita no ano 2000, a ver vamos.
O que há de atraente nos blogues é não haver censura.
Não há como conter os confrontos e aplica-se o filtro, perdendo "a pica toda".
Se querem ser anónimos e adoptivos é lá com eles mas não digam baboseiras.
E porquê não dar o mail?
Temem "os pacotes" de páginas de retaliação por parte de quem anda pela nossa navegação e ver o nosso histórico, o que é crime?
A Net é uma auto-estrada e aí também há quem conduza contra-mão. Dá cá um gozo ir contra o outro que nem imaginam.
Um sapinho só se safa de olhos bem abertos no meio da via atirando-se aos vidros e esparramando-se lá a dizer Não, a repor a verdade.
Mas continuem todos os bloguistas, sobretudo os bons porque de medíocres que roubam as ideias aos outros, está este mundo cheio(sem ofensa).
Parabéns ao dono do Blogue que mais uma vez em revelado um bom senso do caraças. Aprecio.
Li o livro. uma ligeira sensação a pouco.
50 anos numa paróquia não dava para mais páginas?
A terra não apoiou a publicação?
passa-se uma esponja na pessoa e é como se apenas ele, fosse da PIDE. Tantos Pides que havia por todo o lado, bastava ser do regime, como agora se é democrata, com tendências de tirano.Uma pessoa que tem um funeral assim, só pode ter tido muita importância.
Atrevam-se a fazer uma homenagem maior que a do livro.
Se a iniciativa fosse da terra talvez houvesse apoio mas foi apenas minha. Foi para lembrar o Homem que num Agosto quente, depois de rezar Missa Nova, entra nesta Paróquia, pobre como Jó!
Passados 50 anos, viu-se o que deixou erguido na Paróquia e em todos os sítios por onde passou.
Eu refri no livrinho que era um contributo para uma futura Monografia. Portanto, metam mãos à obra e completem o que eu iniciei.
Respondendo à questão, arranjei duas Câmaras que me patrocinaram o livro comprando-me 150 exemplares cada uma e assim, pude vender alguns que não chegaram para os gastos, e oferecer 200 a várias entidades públicas e privadas.
O meu agradecimento aos Presidentes das Autarquias, respectivamente Dr.Jorge Dantas e Drª.Rita Araújo. Bem-hajam!
"No Altar do silêncio, canta-se rezando
em Oração, como ao Deus-Menino
que se fez Homem do ventre de Maria.
A voz, serena, leve, fina, elevando,
À Trindade Santíssima, um Hino
De louvor,um Salmo de Alegria!"
(Memórias)
Como disse o nosso Grande Pe. António Vieira:
"Quando nascemos somos filhos dos nossos Pais; quando morremos somos filhos das nossas obras" - ao jeito de S.Tiago:
- " Mostra-me a tua Fé sem obras que eu pelas obras te mostrarei a minha Fé "!
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