Notícias recentes dizem que está prevista a construção de mais um equipamento energético na freguesia de Ruivães e que outros se seguirão. Como todos os outros, será apresentado como um investimento na nossa freguesia, que irá mexer com a economia local, etc., etc.
Essa não é a minha opinião, pelos variadíssimos motivos que passo a indicar em jeito de perguntas.
É certo que mexe com a economia local: as refeições e as dormidas que serão necessárias aos trabalhadores darão emprego e rendimento a alguns. Mas... e após o fim dos trabalhos? Queremos que a nossa freguesia (e concelho) tenha prosperidade económica; dizemos que temos que nos virar para o turismo. Mas podemos achar que conseguiremos continuar a atrair mais turistas depois de termos a freguesia (e concelho) toda esventrada de postes e fios de alta tensão que desfiguram a paisagem?
E se esses efeitos na economia local se sentem no bolso de alguns, como é com o colectivo? Como é com a população em geral? Como é com aqueles que se vêem privados da sua paz e sossego e, porque não têm porta aberta, nada lucram com estes investimentos?
E quanto à saúde pública? Como ficaremos depois de todos estes “investimentos”? Não seria altura de fazer um estudo aprofundado e globalizado de todos os “investimentos” já feitos, e a fazer, e do seu impacte na saúde publica? Estudo, esse, no âmbito do direito à saúde, consagrado no art.º 64º da Constituição da Republica Portuguesa, e do Principio da Precaução que lhe está associado, definido e aceite no Direito Internacional Público e entre nós na Lei nº 30/2010 de 2 de Setembro sobre a «Protecção contra a exposição aos campos eléctricos e magnéticos derivados de linhas, de instalações e de equipamentos eléctricos»?
A mim parece-me que é hora de parar para pensar um pouco ao invés de aceitar tudo como facto consumado. Quando me dizem que é uma inevitabilidade, eu respondo que só há uma coisa inevitável nesta vida e que, no nosso caso, já podemos falar em fadiga de investimentos.
Há cerca de dois anos, em conversa no café, um ruivanense disse que eu bem tentava disfarçar nas minhas fotografias para não apanhar os postes e os fios de alta tensão. Esta série de fotografias que apresento a partir de hoje com o nome “fadiga de investimentos” não disfarça... porque começa a ser indisfarçável.
Paulo Miranda
Olhando o céu no Traves.
1 comentário:
Ao abrigo de um hipotético progresso, tudo se faz, tudo se autoriza e tudo é aceite. Vai-se o que de melhor temos: o nosso sossego, a nossa paisagem, a nossa Natureza, a nossa vida pacata... o nosso atractivo para os turistas e para o desenvolvimento turístico que tanto se apregoa.
Tudo em nome do progresso, dizem eles...
Ana Duarte
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