AS COISAS ACONTECEM
Em Zebral aconteceu
Um caso de admiração,
Vejam o que se passou
Por causa de uma televisão.
Alguém passou e ouviu
A televisão a tocar,
Mas a porta estava fechada
E não podia entrar.
À porta começou a bater
A ver se alguém falava,
Mas como não estava ninguém
Só a televisão tocava.
Mas pensando o contrário
Alguém foi avisar,
Que estava alguém lá dentro
E a televisão a tocar.
Então vem outra pessoa
Com a chave da porta na mão,
Mas não foi capaz de a abrir
Só ouvia a televisão.
Este também desistiu
Outro ele foi chamar,
Mas como o caso era estranho
Tiveram que o acompanhar.
Ao todo contavam-se sete
Para a porta tentar abrir,
Nenhum deles foi capaz
Olhai que não dá para rir.
Abre a porta, abre a porta
Já toda a gente gritava,
Como ninguém respondia
Só a televisão falava.
Mas com medo ou sem medo
Alguém do grupo se enervou,
Pensando num arranca-pregos
Olhai! A porta arrombou.
Então entrou para dentro
Com o arranca-pregos no ar,
Mas outro com um engaço
Também o quis acompanhar.
Revistaram a casa toda
Para apanhar o ladrão,
Mas como não havia ninguém
Só viram a televisão.
Não digo nome nenhum
Mas o caso é verdadeiro,
A todos peço desculpa
Mas aconteceu no rodeiro.
Retirado do livro "Memórias de um marinheiro - Vol. 1" de José Ribeiro da Nova.
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