sábado, 27 de outubro de 2012

Memórias de um marinheiro




AS COISAS ACONTECEM

Em Zebral aconteceu
Um caso de admiração,
Vejam o que se passou
Por causa de uma televisão.

Alguém passou e ouviu
A televisão a tocar,
Mas a porta estava fechada
E não podia entrar.

À porta começou a bater
A ver se alguém falava,
Mas como não estava ninguém
Só a televisão tocava.

Mas pensando o contrário
Alguém foi avisar,
Que estava alguém lá dentro 
E a televisão a tocar.

Então vem outra pessoa
Com a chave da porta na mão, 
Mas não foi capaz de a abrir
Só ouvia a televisão.

Este também desistiu
Outro ele foi chamar,
Mas como o caso era estranho
Tiveram que o acompanhar.

Ao todo contavam-se sete
Para a porta tentar abrir, 
Nenhum deles foi capaz
Olhai que não dá para rir.

Abre a porta, abre a porta
Já toda a gente gritava,
Como ninguém respondia 
Só a televisão falava.

Mas com medo ou sem medo
Alguém do grupo se enervou,
Pensando num arranca-pregos
Olhai! A porta arrombou.

Então entrou para dentro
Com o arranca-pregos no ar,
Mas outro com um engaço
Também o quis acompanhar.

Revistaram a casa toda
Para apanhar o ladrão,
Mas como não havia ninguém
Só viram a televisão.

Não digo nome nenhum
Mas o caso é verdadeiro,
A todos peço desculpa
Mas aconteceu no rodeiro.


Retirado do livro "Memórias de um marinheiro - Vol. 1" de José Ribeiro da Nova.

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