terça-feira, 15 de abril de 2014

«Eu, o Jornal de Vieira e Ruivães»







Muito em breve se completarão vinte anos, desde que pela primeira vez o Jornal de Vieira publicou o meu primeiro escrito subordinado ao tema “Ruivães”.
Tudo começou quando dirigi um reparo à redacção do J.V., indagando porque sendo Ruivães a segunda maior freguesia do concelho, na secção “do Cávado ao Ave” raramente se falava da nossa vila. 
A resposta foi que ninguém de lá fornecia notícias, o J.V. não tinha repórteres de exteriores, e se eu o quisesse fazer, de bom agrado publicariam o que escrevesse. 
Acedi, condicionado porém à qualidade de ausente, não sabendo por isso o que por lá se passava, mas poderia escrever sobre a minha infância aí vivida, e a memória de tradições, lugares que percorri, da minha geração e o que por pesquisas que encetaria falar de tanta coisa “arrumada” no sótão do tempo. 
Assim o tenho feito, já lá vão dezanove anos, recorrendo aos meus neurónios já com quase sete décadas de idade mas felizmente lúcidos. 
Chegaram a criticar-me por “dizer mal da terra” quando fiz algumas críticas ao que a meu ver estava mal, mas achei que só falando no assunto se pode com isso evidenciar a sua existência e daí se partir para a solução. 
Bom seria que em Ruivães, terra minha amada, tudo estivesse bem, mas todos sabemos que nunca foi assim, e se uma crítica for construtiva só pode ser aceite e nunca mal vista. 
Exemplifico quando me pediram para escrever sobre aquele lavrador que de forma contra-natura deixou acumular esterco e dejectos dos animais na corte, que davam já pela barriga das vacas, ao ponto – segundo me disseram na altura -de uma cria à nascença ter morrido afogada na porcaria. 
As moscas e varejeiras apoquentavam a vizinhança, o cheiro era nauseabundo, e se conseguia que os animais uma vez por outra saíssem da corte, formavam um tapete imundo pelas ruas onde passavam. 
Escrevi, e…quase me crucificaram por ter sido tão sarcástico. 
Algum tempo depois, a TVI deslocou-se a Ruivães para noticiar esse mesmo caso, e foram muitos os críticos - mais críticos que eu só porque apareciam na televisão – que deram a cara para acusar a indesejável figura do lavrador. 
«Que devia ser internado, que o seu procedimento e modo de vida era um atentado à saúde, que envergonhava a terra!». 
Mas não fiquei importunado pelas críticas que me fizeram, apenas resolvi mudar de estilo e explorar um grande manancial que Ruivães tem. Decidi dar a conhecer á saciedade os valores da terra que amo, suas tradições, as pessoas que conheci - nobre povo -, os seus heróis – sim, porque Ruivães também teve os seus heróis! 
Foi então que Ruivães comigo – modéstia à parte-, passou então a ser notícia frequente no J.V., e muito me orgulhou quando alguns amigos emigrantes ao nos revermos nas férias me disseram que mal recebiam o Jornal de Vieira, logo iam ver se havia algum artigo meu. 
Isso me incentivou para continuar, e assim farei enquanto Deus quiser e o Jornal de Vieira me facilitar a inserção dos meus escritos. 
Outro motivo que me deixa imensamente feliz, é constatar que outros meus conterrâneos estão hoje a dar também o seu contributo no Jornal de Vieira, de forma a que a nossa amada vila de Ruivães - a segunda maior freguesia do concelho - ocupe neste precioso jornal o lugar que lhe é devido. 
Obrigado Jornal de Vieira pela amabilidade. 

Manuel Joaquim F. Barros
2014-04-14

1 comentário:

Anónimo disse...

Já tinha lido este texto no Jornal de Vieira, que ontem recebi.
Lembro-me nitidamente do episódio relatado neste texto e até conheci a pessoa em causa.
Faço questão de reafirmar que gosto muito dos textos do Sr. Manuel Joaquim Fernandes de Barros.
Ruivanense Adoptivo