Após o Sábado
filhoeiro vem o Domingo Gordo. É dia de fartura. (…) Em todo o Barroso este dia
é dia dos pastores. Têm comida melhorada e festa.
Nas igrejas
este é o dia das carnes que todos os devotos levam aos santinhos da sua devoção
para arrematar. Na maioria das vezes oferecem orelheiras ou parte delas a Santo
António, para guardar os outros porcos de doenças mortais. Por vezes oferecem
um leitão de mês, chouriças, frangos, bicas e broas de pão de centeio e milho.
As almas também são presenteadas nesse dia e outros ao longo do ano. Ao fim da
Missa o sacristão no adro em cima do muro ou à porta da igreja leiloa todas as
ofertas e ao fim de apregoar os maiores lenços se vê que ninguém dá mais
termina dizendo: dou-lhe uma, dou-lhe duas e por fim dou-lhe três, e está
entregue o objecto arrematado, que pode ser pago na hora ou ficar apontado no
livro das contas. Quando há uma porca para parir, os donos costumam prometer um
leitão a Santo António se todos vierem salvos.
A parte mais
rica e variada deste dia é pela tarde. Depois de um lauto almoço, a que nós
chamamos jantar, que meteu orelheira afumada e caldo com muita gordura de cozer
todas as carnes e a orelheira do porco, vestem-se os caretos, e joga-se o galo,
ao cair da tarde.
Retirado do livro “Etnografia Transmontana - Crenças e Tradições de Barroso”, de António Lourenço Fontes.
Sem comentários:
Enviar um comentário