Como anualmente faço, vivido o mês de Agosto em Ruivães, dou-me ao cuidado de apreciar o que de novo se fez, e o que falta fazer, e aqui expresso com o beneplácito do J. V. o meu parecer, estritamente de um observador com direito à sua opinião por ser filho da terra.
O pelourinho: por fim me parece que se acertou na intervenção feita, melhor ainda com iluminação nocturna, mas… não gostei da lavagem que sofreu, pois retirada a patine, as inscrições no capitel, já de si gastas pelo tempo e que mal se percebiam, agora, quase desapareceram.
Serviços destes, são por norma executados após parecer de especialistas em arqueologia.
A igreja: igualmente ao lhe “lavarem a cara”, está bonita, mas… assim, parece uma edificação recente, quando se podia limitar a limpar fungos, retocar uma ou outra mazela.
Agora, o seu aspecto antigo de construção centenária passou à história.
Que graça tinha se fizessem o mesmo à “Casa do Amadeu César” logo em frente? (Espero que nunca o não façam!)
Não é pelas camadas acumuladas na pedra ao longo dos anos que os arqueólogos mediante estudos científicos definem a idade de um monumento ou de um vestígio arqueológico?
Este é o parecer de um leigo, mas faz-me lembrar quando um dia pintaram de branco o cruzeiro de Santo Amaro, uma demonstração de pura ignorância!
O que mais gostei, foi finalmente terem limpo a mística Quelha do Barreiro. Tantas vezes pugnei por isso, por fim alguém fez jus e viu nessa acção a medida que se impunha.
Igualmente o caminho que vai da Roca até debaixo da ponte foi limpo, proporcionando assim a quem se deslocar ao rio a pé, evitar o perigo da estrada sem passeios, com os carros a nos obrigar a fazer piruetas para os evitar, para não falar na soalheira que nos dois sentidos se apanha, ao contrário da aprazível sombra desse caminho.
O trilho entre pontes, um mimo, a reposição da calçada romana nem se fala, mas... pena é que o troço que havia dado lugar à estrada para a mini hídrica e que foi reposto, tenha agora nos dois lados altas e simples barreiras de terra, perspectivando-se que as enxurradas do Inverno de novo cubram esse marco histórico e milenário da nossa vila.
O parque de lazer do Traves continua lindo, mas… a falta de estacionamento para quem nos visita é uma grande lacuna que mereceria a atenção de quem de direito. Sei que é difícil, porém, não haverá por ali um campito que a Junta adquirisse e transformasse em parque de estacionamento?
Sepulturas antropomórficas em São Cristovão; lamento, muito mesmo, é o desprezo a que estão votados estes vestígios de uma civilização que habitou a nossa terra, vitimas de vandalismo de acordo com fotos de dezenas de anos que possuo e que comparadas ao que são hoje é de bradar aos céus.
O acesso é inexpugnável, e no interior das sepulturas rompem agora urzes cujas raízes estão a danificar esse carismático monumento.
Porque não se pede à Direcção Geral do Património Cultural para classificar as sepulturas como sítio de interesse público e a respectiva fixação de uma ZEP (Zona Especial de Protecção), como aconteceu com a “Lage dos Cantinhos” em Zebral? Fica a sugestão.
Também não gostei de ver numa das mais antigas casas da vila, na Quintã, o atropelo feito ao edificar-se por cima de um monumental portal do século XVIII, um novo piso em tijolo e cimento. Se mais não for, quem o fez não pensou que isso desvaloriza a propriedade?
Que Câmara passa licença para uma mutilação daquelas? Já não se respeitam edifícios com “interesse público”? É deplorável.
Outro reparo, é um aprazível caminho que ainda há pouco ligava a Quintã ao arco, e que servia de alternativa ao percurso da estrada nacional desde as bombas à bifurcação Cemitério/Frades, sem espaço para se circular e agora, agravado por arbustos que obrigam as pessoas a andar em pleno alcatrão, com o perigo inerente pois os carros passam ali a grande velocidade.
Para além de inexpugnável em parte do troço, depara-se agora interrupção por acção de uma casa ali construída, empurrando-nos umas centenas de metros até ao “estradão que vem de Santo Amaro. Incompreensível. Um caminho público virou privado?
Por hoje (e por este ano “criticamente” falando) é tudo, espero os meus conterrâneos aceitem estas minhas observações como uma critica construtiva que é, e não ser acusado (como já fui) de ao fazer estes reparos “estar a dizer mal da terra”.
Tudo de bom para os ruivanenses e para a nossa amada terra.
Manuel Joaquim F. de Barros
2018-11-13
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