Esta afirmação, sem ferir susceptibilidades, tem a sua razão de ser, até porque fere os sentimentos dos ruivanenses que não gostam de ver a sua terra menosprezada nos seus valores históricos e de identidade, menos ainda por quem tem obrigação de os defender.
Um exemplo disso foi um artigo publicado no Jornal de Vieira, na edição de 1 de Dezembro de 2018 na última página e destacado a azul, em que se faz uma resenha da “História do concelho de Vieira do Minho”.
Aí se faz referencia às freguesias que integram o Concelho, onde se valoriza as que estão agraciadas com “Carta de Foral”, mas no que toca a Ruivães, lamentavelmente não mereceu o mesmo tratamento.
È frequente isso acontecer, não sei se trata de ignorância ou má vontade, mas neste caso a omissão de Ruivães como também detentor de Carta de Foral é imperdoável, tão só porque a esta vila foi concedida a que é a mais antiga do Concelho.
Efectivamente, em 27 de Julho de 1363, D. Pedro I (O justiceiro), atribuiu a “Vilar de Vacas” (assim se chamava Ruivães à época), a sua Carta de Foral, por se tratar de um dos mais importantes Concelhos do Reino. Mas isso, pelos vistos é de somenos importância para quem faz a história do Concelho de Vieira do Minho.
Tanto assim, que em 2013, fez seiscentos e cinquenta anos da concessão dessa honra para a vila de Ruivães, data propícia a comemorar, mas tanto a Câmara quanto a Junta de Freguesia deixaram passar em claro essa efeméride sem uma alusãosinha que fosse.
Outro exemplo; quem for à internet e clicar o site da Câmara Municipal de Vieira do Minho, quando se busca as suas freguesias, ao chegar a Ruivães aí se afirma levianamente que « as primeiras referências a Ruivães, datam de 1426».
«Erro crasso, sonhos meus, amor ardente!» Como é possível a Ruivães ser atribuída a Carta de Foral no século catorze, e a sua Câmara Municipal lhe atribuir primeiras referências no século seguinte?
E não só! Convido os senhores da Câmara de Vieira do Minho, a na internet clicarem “Vias Romanas”, de seguida “XVII via”, e poderão constatar que no principio da era Cristã (pelo menos há dois mil anos), como aí se refere, a 35 milhas de “Brácara Augusta”, mais ou menos a distância actual de Braga a Ruivães, se situava uma povoação denominada “Outeiro do Vale”, nas proximidades de outro povoado de nome “Outeiro de São Martinho, no monte de São Cristóvão”.
Presumivelmente, esta sim é a primeira referência ao que é hoje Ruivães!
Dessa via que cruzava Ruivães, ainda hoje se conserva uma extensa calçada romana, tal como um dos ex-libris da vila são os vestígios arqueológicos da outra povoação no sítio também ainda conhecido por “São Cristóvão”.
Assim, sonegar centenas (milhares) de anos a Ruivães é ingrato, e para quem ama aquela terra dói muito ver assim menosprezada a sua identidade, mais ainda por quem tem a obrigação de a defender.
O menosprezo vai mais longe no que a mim diz respeito, porque em tempos enviei à Câmara de Vieira e ao cuidado da Presidência um extenso processo, documentado com alguns dados aqui referidos e complementados com fotos retiradas da net, para que pelo menos o site fosse retificado, mas.. como resposta, apenas recebi o recibo do aviso de recepção.
È comum dizer-se que a paternidade falha quando se tem muitos filhos, e daí resulta que uns são tratados como filhos da mãe, outros como enteados.
Mas apesar do meu lamento, acredito em quem gere o nosso Município, e tenho esperança que se acabe por “dar a César o que é de César”.
As minhas saudações a todos os ruivanenses, amem profundamente a vossa terra que tem tanto de bela quanto de histórica e importante.
Manuel Joaquim F. Barros
2019-02-13
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