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Na Freguesia de Ruivães existem alguns moinhos que outrora eram o expoente máximo da sobrevivência da comunidade e do património cultural da região.
Movidos a água proveniente dos rios e riachos do Ave que caudalosamente em Ruivães tomam o nome de Saltadoiro e também as conhecidas levadas que eram encaminhadas para os diversos campos, sobrantes, iam engrossar as águas que faziam moer estas casinhas com vida.
Moinhos, que moíam o grão de milho e centeio para fazer o abençoado pão que era o alimento base na nossa alimentação e também o era a farinha para os animais. Numa casa grande o moinho tinha muito movimento pois havia muitas cabeças para alimentar. Era através da moagem do milho que as populações, sobretudo as senhoras com mestria, faziam a famosa “Broa de Milho”, hoje em dia já um pouco arredada das nossas mesas.
Havia todo um ritual de ida e de volta ao moinho: lírico, bucólico e telúrico que, por ser comum a todos os moinhos a água, não se descreve aqui.
Depois que os grandes donos dos moinhos envelheceram e os parentes foram para as cidades, também o homem vulgar os deixou ao abandono já que os tomava de empréstimo às grandes casas de lavoura.
Houve ainda quem tentasse substituir os moinhos do rio por moinhos caseiros aonde se ia moer, de favor ou a pagar. Mas a beleza de um moinho ao vivo, por ser indescritível é insubstituível!
A reabilitação dos moinhos abandonados de forma a trazer ao presente os usos e costumes da moagem do milho sendo requalificados vão valorizar o património edificado de forma a ser conhecida pelas novas gerações, a forma de viver de há cinquenta ou mais anos. O trabalho, as alfaias agrícolas usadas para o moinho eram comuns a todos os moinhos de água existentes em Portugal, e o produto final desta cadeia do grão de milho, era o pão.
A vantagem da reabilitação do moinho é a da transmissão de cultura entre gerações da recuperação de uma tradição secular tornada património paisagístico e turístico. Todos os habitantes deste lugar assente no sopé da Serra da Cabreira poderão reviver e viver o “saber fazer” do passado no presente. Além de se preservar o património arquitectónico e cultural desta freguesia estaremos a contribuir para a divulgação do conhecimento de técnicas e estilo de vida antiga onde a mão, o braço e a cabeça eram fundamentais, mas mais do que estes, é essencial a água do rio que os fazia mover.
Com a recuperação deste património potencia-se o turismo rural existente na localidade, assim como o turismo de natureza, visto a localização destes moinhos se situar na passagem de vários trilhos pedestres e se situar na peugada da Via Romana XVII que passa exactamente em Ruivães.
ES e Pedro Silva
2020-02-13
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