«Árvores centenárias, como a Carvalha do Lombo, a Carvalha da Pedreira, a Carvalha das Chêdas e o Castanheiro do Ai do Rio do Brás, foram no seu tempo - e esta última ainda é - alguns dos ex-libris da Aldeia de Espindo.
As 3 Carvalhas que aqui recordo, não resistiram aos caprichos do homem e da natureza, fazendo, infelizmente, já parte do passado. Todas elas deram nome aos locais onde nasceram e floresceram, se desenvolveram e testemunharam encontros e desencontros.
Ainda que a Carvalha da Pedreira e a Carvalha das Chêdas não constituíssem perigosidade para a população, a Carvalha do Lombo essa sim, havia quem temesse que um dia caísse em cima da casa contígua ou para a Rua Central e admitia-se que a mesma fosse derrubada; porém, provocada por desconhecidos, uma fogueira de grandes dimensões feita no interior do seu enorme tronco oco, determinou antecipadamente o seu fim. À data, houve quem tenha chorado quando deu de caras com a queda da companheira de memórias de infância.
Era pequeníssimo, mas ao ver a minha tia Albertina e a D. Antónia do Quintas a chorar, não me contive, tendo chorado também quando vi no chão os restos daquele tronco em brasas que a par de mim e de muitos rapazes da minha idade e mais velhos serviu de esconderijo!
Felizmente, a escassos 200 metros da Poça do Palheiro, no campo do Aido Rio do Brás, ergue-se ainda um castanheiro centenário, da espécie comum Castanea sativa (Mill.), ao que me parece, com um perímetro circunferencial de 10 metros. De copa e altura (entre 14-16 metros estimados de altura), a invulgar característica desta árvore é a sua forma: tem 9,50 metros de “anca” (a 2 metros do solo), 6 metros de “cintura”, e cerca de 10 metros de “peito”– em boa forma física, porquanto apesar da idade, ainda dá castanhas. Acima do “peito” erguem-se, como serpentes em cabeça de Medusa, uma meia dúzia de troncos secundários que lhe formam a copa.”
Este castanheiro centenário é conhecido pela maioria dos habitantes, mas pela sua antiguidade, forma e facilidade de acesso, será mais um local que merece ser visitado, alargando-se assim o já considerável leque de motivos de interesse para visitar a Aldeia de Espindo, sugerindo que esta árvore, ainda que pertença da minha irmã Albina Gonçalves da Casa do Brás, deva intentar-se, junto do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas via Junta de Freguesia e/ou Câmara Municipal de Vieira do Minho, a sua datação e a sua classificação como Património de Interesse Público.»
Guilherme Gonçalves (Casa do Brás – Espindo)
2020-07-14
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