quarta-feira, 13 de novembro de 2024

«Festa em honra de Santa Isabel»





«Espindo, um lugar da pa­ró­quia de S. Martinho de Ruivães, esteve em festa no fim de semana de 30 de Junho a 02 de Julho para celebrar e honrar Santa Isa­bel.

As festividades em honra de Santa Isabel foram organizadas pela AJAE (Associação Juntos pela Aldeia de Espindo), que contou com a colaboração e generosidade de muitos dos habitantes da Aldeia e de todos os lugares da freguesia, e ainda com o contributo da Assembleia de Compartes.

A festa durou três dias, incluiu vários momentos de animação e até com uma re­criação de tradições do antigamente!
O programa arrancou na sexta-feira, pelas 9h00, com música gravada, e no início da noite teve lugar a Eucaristia, a que se seguiu a Procissão de Velas e Recitação do Terço.
No sábado, pelas 9h00, a festa prosseguiu com música gravada; pelas 16h00 houve lugar à Arruada com os Alvoradas da Cabreira, e no final do dia, a partir das 22h00, foi a vez da atuação da Orquestra Costa Rica até às primeiras horas da madrugada. Pelas 0h30 uma grande Sessão de Fogo de Artifício iluminou a noite de festa.
Já no domingo, pelas 10h00 a Banda Filarmónica de Vilar Chão fez a sua entrada pelo cimo da aldeia e acompanha a imagem de Santa Isabel que realiza a coleta dos contributos sempre emotivos e generosos das gentes da Aldeia.
O projeto “Festa de Santa Isabel”, promovido pela AJAE , que contou com os apoios referidos, esteve novamente de volta, para assinalar a importância da continuidade de uma das mais antigas tradições da Aldeia.
Foi verdadeiramente fantástico ver como os habitantes de Espindo se unem e assim ajudam a dinamizar ainda mais esta aldeia, que recebe sempre tão bem quem nos visita!
Para o ano reclamamos de novo essa ajuda e presença!»
Guilherme Gonçalves, presidente da AJA Espindo

«Um ilustre Ruivanense desconhecido»

 




«Domingos Manuel Pereira de Carvalho Abreu, Juiz, nasceu em Ruivães em 23 de Agosto de 1727, faleceu em Mosteiro em 1873. Este ruivanense adquiriu projecção e prestigio nacionais, devido ao seu desempenho como magistrado e defesa da liberdade e do trono le­­gítimo, sendo reconheci­do e agraciado pelo Rei em 1845, 1858 e1860, ten­do dignificado extraordi­na­riamente Ruivães.

O pai de Domingos de Abreu, António José Gon­çal­ves Pereira de Carvalho Abreu, foi um destacado herói da resistência às in­va­sões francesas comanda­das pelo General Soult. Domingos de Abreu frequentou a Faculdade de Leis de Cànones, foi nomeado Juiz de Fora de Ali­­jó e louvado pelo seu de­­sempenho, por Portaria Ré­gia de Abril de 1923, sen­do de seguida nomeado Juiz de Fora de Vila Real. Não desempenhou funções em Vila Real porque aderiu à Causa Liberal. Durante dez anos andou fugido e em luta com os absolutistas. De facto, entre 1823 e 1833, disfarçado de mendi­go andou a monte e por lu­gares afastados, devido ao seu amor à liberdade e ao regime Constitucional.
Reposto o Governo Consti­tu­cional, Domingos Abreu é nomeado, em 1883, corre­gedor de Barcelos, em atenção aos seus mereci­mentos e perseguição que so­freu do governo usur­pa­dor. Foi ainda juiz em Bragança, Cabeceiras de Basto, Ponte de Lima, Amarante e Póvoa de Lanhoso. Dada a qualidade de um ma­gistrado sábio, de modelo de concisão e elegância li­terária, as principais sentenças foram publicadas na Gazeta dos Tribunais, em separata com o título “Sentenças Civis e Crimes do Dr. Domingos Manuel Pereira de Carvalho Abreu”.
Domingos de Abreu, em 1845 foi nomeado por Portaria Régia Cavaleiro de Ordem de Cristo; em 1853 foi nomeado por Decreto Régio Comendador da Ordem de Cristo; em 1860 foi nomeado por Carta Régia Comendador da Ordem de Nossa Senhora de Vila Viçosa. Enfim! Pobre terra, com um potencial humano tão riquíssimo, e que por inoperância de quem nos governa desconhece esses valores porque não há o mínimo interesse em fazer um levantamento histórico da nossa vila. Tão ilustre figura, não merecia o seu nome numa rua de Ruivães?
Aconselho os meus conterrâneos a verem o programa diário da RTP 1 ”O Preço Certo”, e ficarão como eu fico desgostosos por ver as aldeias da mais pequena dimensão e do interior cujas juntas de freguesia patrocinam a ida dos locais ao concurso, oferecerem ao apresentador brochuras, livros com o historial da terra, e que grande divulgação é feita nesse programa! Então pergunto; se alguém de Ruivães for ao programa, que lhes proporciona a nossa junta? Nada de nada!
Saudações ruivanenses.»
Manuel Joaquim F. de Barros

«O mutilado de Ruivães»


 

«Mário Moutinho e A. Sousa e Silva, pouco dirão aos ruivanenses, mas trata-se de dois historiadores que levaram anos a elaborar a mais completa biografia da nossa terra, romanceada ao estilo de Castelo Branco com acção em Ruivães entre as invasões francesas e as guerras civis.

Não eram de Rui­vães (presumo que já te­nham falecido, visto o seu tra­balho ter sido elaborado em meados do século passado), eram sim especialistas na matéria, pois para se iden­tificarem com a nossa vi­la aqui assentaram arraiais a convite de um tal senhor Ma­nuel Lagarto de Vale, que lhes ofereceu estadia e não só. Também foi base de elucidação da muita recolha que fizeram, ao ponto de lhe haverem dedicado a obra, em cuja dedicatória dele afirmam ter sido ele um «homem probo, bondoso, e autêntico repositório da história local, que muito nos ajudou com as suas “achegas”» In­titulado “O Mutilado de Rui­vães”, veio a lume em 1980, edi­ção da Livraria Cruz de Bra­ga, não sem que antes jazessem muitos anos numa gaveta. E assim os au­tores nos deixaram uma obra que é um juízo de valor didáctico-pedagógico, e da maior importância cultural e sentimental, que todos os ruivanenses deviam ler. Para fazerem ideia de como eles viram a situação do país nessa data já longínqua, atentem a seta descrição, que a mim me impressionou;
« A história das pequenas terras vai ficando esquecida diante de certos fenómenos sócio-económicos, derivados do urbanismo avassalador, apagaram-se da lembrança dos homens os feitos dos seus antepassados; olvidam-se os factos de outrora; morra gesta da tradição, a prática das virtudes ancestrais, a nobreza dos bons costumes regidos na autoridade de prin­cípios morais ainda hoje indiscutíveis que foram as pedras com que se construiu a Nação, a fizeram grande e a levaram a expandir-se pelo Mundo.
Morreu no coração dos homens a poesia que envolve as coisas belas que o Passado nos legou; secaram-se as fontes que nasciam da alma e corriam límpidas para o mar da fantasia e do sonho, mas que ajudavam a viver. Hoje, tudo se banalizou, tudo está uniformizado, plastificado, amorfizado que uma sociedade de consumo irrelevante e pletórica de bem-estar vai fazendo cair na clareza dos sentimentos e das atitudes, na tibieza dos caracteres e na cobardia colectiva, onde um materialismo intolerável e desenfreado, que necessariamente a função do chamado «progresso social», despaísa, amolece e corrompe o espirito e a consciência nacionais, que nestes últimos anos sofreram uma deterioradora aceleração, graças ao consumo de droga, da pornografia e do sexualismo.
Por isso julgam meritório todos os trabalhadores desta natureza, porque a história não é atributo das chancelarias, dos salões ou das gran­des cidades, nem tampouco a animam apenas os grandes próceres da Política; ela é tam­bém feita pelo Povo e es­crita com o seu sangue; e o palco são as suas aldeias e os seus campos, e ele a maior vítima dos erros, das la­cunas - e dos crimes – dos grandes senhores da Terra.
Moldado ao jeito clássico, como não podia deixar de ser, o romance não tem pre­­­tenções nem aspira fazer carreira ou escola; visa somente estimular nos mais novos o gosto pela historia das sua terras, tão esquecidas andam agora elas; e este nosso esforço é apenas um modesto contributo naquele sentido e, se quiserem, um exemplo para que outros façam melhor.
É este o desideratum, e, se o alcançarem, os autores sentir-se-ão satisfeitos».
A nossa terra, é rico filão de história, folclore, etc. Que tesouros ocultos nas ruí­nas, nas suas ruínas, nas suas pedras musgosas, nos castros, nas igrejas, no linguajar das suas populações, nos arquivos e no próprio sub-solo? Só esperam que novos cabouqueiros os venham desentranhar, ou outros obreiros apareçam a ceifar na messe que é rica e vasta. É claro que o livro contém também e essencialmente dados identificativos de Ruivães enquanto cabeça de concelho da Casa de Bragança, até 1834, com o nome de “Villar de Vacas”.
Saudações ruivanenses.»

Manuel Joaquim F. de Barros


Retirado d' O Jornal de Vieira nº 1173 de 15 de Abril de 2023

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domingo, 10 de novembro de 2024

«Cartas de Foral e Juntas de Freguesia»


 

«O mar e os rios»


 

«Os castigos da infância»



«Para quem como eu viveu a infância em Ruivães, na dé­cada de cinquenta do sé­culo passado, impreteri­velmente ficou marcado no seu subconsciente por si­­tuações que o tempo não apagou. Não se questiona o amor e carinho que os pro­genitores dispensavam, mas sim alguns métodos arcaicos utilizados na nossa educação, que hoje seriam condenáveis. Dessas, co­mo exemplo, destaco algumas por mim vividas: - Pronunciar obscenidades, era banal mesmo desde tenra idade, mas minha avó, muito educadinha, se me “espalhasse”, logo me enchia a boca com pi­menta. O efeito que isso pro­vocava, é de imaginar. - Outra prática, quando o meu comportamento ultrapassava as marcas, era ela colher um ramo de urtigas, descia-me os calções, e o ra­binho virava borbulhado quanto baste, impedindo de me sentar por algum tempo. - Havia ainda outras formas de tortura, mas a que mais me afectou foi por causa das lombrigas! Era um mal que afligia a criançada, e o remédio usual era enfiar numa linha cabeças de alho formando um colar, que tínhamos de usar ao pescoço até secarem. Se as tirássemos, “levávamos pa­ra assar”.


O que resultou daí? Fiquei traumatizado, ganhei uma aversão ao alho, que ho­je aos setenta e sete anos nem o cheiro dele to­lero. – Também as horas de recolhermos a casa ao fim do dia, tinha de ser ao to­que das Trindades. Então, mal soasse a primeira badalada, era uma correria em todas as direcções e ai de quem prevaricasse, lá vi­nha o castigo físico, no meu caso uns mimos com a régua de funileiro do meu avô. Mas pronto! Apesar destes castigos, cruéis, con­sidero ter recebido uma educação esmerada sem paralelo ao que hoje se vê. - Outra situação na for­ma de ameaça, era uma tal “Coca”, e minha avó (que me criou) era useira e vezeira a ameaçar-me com ela. - «Come a sopa, ou vou chamar a Coca!» Sem­­pre que a contrariava, lá vinha ela com a Coca! Far­to dessa ameaça, pergun­tei ao meu avô que era isso da Coca. Respondeu que era um bicharoco muito feio, enorme, que comia pes­soas e animais. É claro, pas­sei a comer a sopa e a obedecer mais à minha avó! A propósito, há uns anos atrás, chegou-me às mãos um boletim informativo datado de 1734, ilustrado com desenho de um monstro, e que dizia: “Relaçam de uma for­midável fera, que sahiu da Montanha do Gerez, junto à Vila de Monte Alegre na província de Trás os Montes, no mez de Mayo deste anno de 1734 e dos grandes estragos, que tem co­metido nas gentes, e gados, dos Lugares circundantes”.
Presumivelmente, vem desse tempo chegando aos nossos dias a aparição deste monstro que o po­vo baptizaria de “Coca”. Cu­­rioso é que o dicionário re­fere uma tal Coca, ou “Santa Coca”, “papão”, “es­­­pan­talho”, etc. com que se ameaçam crianças deso­be­­dientes. Em Monção, des­de há séculos que se le­­va a efeito uma cerimónia in­tegrada na procissão Corpus-Christi, com a imagem de São Jorge apresentada com um dragão trespassado por uma lança, encenando-se uma batalha contra a fe­­ra a que chamam...Coca”.
Enfim! Chega de sustos e castigos, saudações ruiva­nenses.»

Manuel Joaquim F. de Barros
2023-01-02

Retirado d' O Jornal de Vieira nº 1166 de 1 de Janeiro de 2023 https://www.jornaldevieira.com/do_cavado_ao_ave/?idart=19171

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Soutelos


 

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Ponte e Estrada de Zebral


 

Zebral


 

Canastro de Outono




 

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Esta manhã