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quarta-feira, 13 de novembro de 2024

«Um ilustre Ruivanense desconhecido»

 




«Domingos Manuel Pereira de Carvalho Abreu, Juiz, nasceu em Ruivães em 23 de Agosto de 1727, faleceu em Mosteiro em 1873. Este ruivanense adquiriu projecção e prestigio nacionais, devido ao seu desempenho como magistrado e defesa da liberdade e do trono le­­gítimo, sendo reconheci­do e agraciado pelo Rei em 1845, 1858 e1860, ten­do dignificado extraordi­na­riamente Ruivães.

O pai de Domingos de Abreu, António José Gon­çal­ves Pereira de Carvalho Abreu, foi um destacado herói da resistência às in­va­sões francesas comanda­das pelo General Soult. Domingos de Abreu frequentou a Faculdade de Leis de Cànones, foi nomeado Juiz de Fora de Ali­­jó e louvado pelo seu de­­sempenho, por Portaria Ré­gia de Abril de 1923, sen­do de seguida nomeado Juiz de Fora de Vila Real. Não desempenhou funções em Vila Real porque aderiu à Causa Liberal. Durante dez anos andou fugido e em luta com os absolutistas. De facto, entre 1823 e 1833, disfarçado de mendi­go andou a monte e por lu­gares afastados, devido ao seu amor à liberdade e ao regime Constitucional.
Reposto o Governo Consti­tu­cional, Domingos Abreu é nomeado, em 1883, corre­gedor de Barcelos, em atenção aos seus mereci­mentos e perseguição que so­freu do governo usur­pa­dor. Foi ainda juiz em Bragança, Cabeceiras de Basto, Ponte de Lima, Amarante e Póvoa de Lanhoso. Dada a qualidade de um ma­gistrado sábio, de modelo de concisão e elegância li­terária, as principais sentenças foram publicadas na Gazeta dos Tribunais, em separata com o título “Sentenças Civis e Crimes do Dr. Domingos Manuel Pereira de Carvalho Abreu”.
Domingos de Abreu, em 1845 foi nomeado por Portaria Régia Cavaleiro de Ordem de Cristo; em 1853 foi nomeado por Decreto Régio Comendador da Ordem de Cristo; em 1860 foi nomeado por Carta Régia Comendador da Ordem de Nossa Senhora de Vila Viçosa. Enfim! Pobre terra, com um potencial humano tão riquíssimo, e que por inoperância de quem nos governa desconhece esses valores porque não há o mínimo interesse em fazer um levantamento histórico da nossa vila. Tão ilustre figura, não merecia o seu nome numa rua de Ruivães?
Aconselho os meus conterrâneos a verem o programa diário da RTP 1 ”O Preço Certo”, e ficarão como eu fico desgostosos por ver as aldeias da mais pequena dimensão e do interior cujas juntas de freguesia patrocinam a ida dos locais ao concurso, oferecerem ao apresentador brochuras, livros com o historial da terra, e que grande divulgação é feita nesse programa! Então pergunto; se alguém de Ruivães for ao programa, que lhes proporciona a nossa junta? Nada de nada!
Saudações ruivanenses.»
Manuel Joaquim F. de Barros

«O mutilado de Ruivães»


 

«Mário Moutinho e A. Sousa e Silva, pouco dirão aos ruivanenses, mas trata-se de dois historiadores que levaram anos a elaborar a mais completa biografia da nossa terra, romanceada ao estilo de Castelo Branco com acção em Ruivães entre as invasões francesas e as guerras civis.

Não eram de Rui­vães (presumo que já te­nham falecido, visto o seu tra­balho ter sido elaborado em meados do século passado), eram sim especialistas na matéria, pois para se iden­tificarem com a nossa vi­la aqui assentaram arraiais a convite de um tal senhor Ma­nuel Lagarto de Vale, que lhes ofereceu estadia e não só. Também foi base de elucidação da muita recolha que fizeram, ao ponto de lhe haverem dedicado a obra, em cuja dedicatória dele afirmam ter sido ele um «homem probo, bondoso, e autêntico repositório da história local, que muito nos ajudou com as suas “achegas”» In­titulado “O Mutilado de Rui­vães”, veio a lume em 1980, edi­ção da Livraria Cruz de Bra­ga, não sem que antes jazessem muitos anos numa gaveta. E assim os au­tores nos deixaram uma obra que é um juízo de valor didáctico-pedagógico, e da maior importância cultural e sentimental, que todos os ruivanenses deviam ler. Para fazerem ideia de como eles viram a situação do país nessa data já longínqua, atentem a seta descrição, que a mim me impressionou;
« A história das pequenas terras vai ficando esquecida diante de certos fenómenos sócio-económicos, derivados do urbanismo avassalador, apagaram-se da lembrança dos homens os feitos dos seus antepassados; olvidam-se os factos de outrora; morra gesta da tradição, a prática das virtudes ancestrais, a nobreza dos bons costumes regidos na autoridade de prin­cípios morais ainda hoje indiscutíveis que foram as pedras com que se construiu a Nação, a fizeram grande e a levaram a expandir-se pelo Mundo.
Morreu no coração dos homens a poesia que envolve as coisas belas que o Passado nos legou; secaram-se as fontes que nasciam da alma e corriam límpidas para o mar da fantasia e do sonho, mas que ajudavam a viver. Hoje, tudo se banalizou, tudo está uniformizado, plastificado, amorfizado que uma sociedade de consumo irrelevante e pletórica de bem-estar vai fazendo cair na clareza dos sentimentos e das atitudes, na tibieza dos caracteres e na cobardia colectiva, onde um materialismo intolerável e desenfreado, que necessariamente a função do chamado «progresso social», despaísa, amolece e corrompe o espirito e a consciência nacionais, que nestes últimos anos sofreram uma deterioradora aceleração, graças ao consumo de droga, da pornografia e do sexualismo.
Por isso julgam meritório todos os trabalhadores desta natureza, porque a história não é atributo das chancelarias, dos salões ou das gran­des cidades, nem tampouco a animam apenas os grandes próceres da Política; ela é tam­bém feita pelo Povo e es­crita com o seu sangue; e o palco são as suas aldeias e os seus campos, e ele a maior vítima dos erros, das la­cunas - e dos crimes – dos grandes senhores da Terra.
Moldado ao jeito clássico, como não podia deixar de ser, o romance não tem pre­­­tenções nem aspira fazer carreira ou escola; visa somente estimular nos mais novos o gosto pela historia das sua terras, tão esquecidas andam agora elas; e este nosso esforço é apenas um modesto contributo naquele sentido e, se quiserem, um exemplo para que outros façam melhor.
É este o desideratum, e, se o alcançarem, os autores sentir-se-ão satisfeitos».
A nossa terra, é rico filão de história, folclore, etc. Que tesouros ocultos nas ruí­nas, nas suas ruínas, nas suas pedras musgosas, nos castros, nas igrejas, no linguajar das suas populações, nos arquivos e no próprio sub-solo? Só esperam que novos cabouqueiros os venham desentranhar, ou outros obreiros apareçam a ceifar na messe que é rica e vasta. É claro que o livro contém também e essencialmente dados identificativos de Ruivães enquanto cabeça de concelho da Casa de Bragança, até 1834, com o nome de “Villar de Vacas”.
Saudações ruivanenses.»

Manuel Joaquim F. de Barros


Retirado d' O Jornal de Vieira nº 1173 de 15 de Abril de 2023

sábado, 24 de abril de 2021

«O Senhor "Cunha"!»


 



«Quando era pequeno, em conversa com os amigos, vi­nha sempre à baila aquela pergunta sacramental “que queres ser quando fores grande”?
Ora, numa terra do interior e no tempo em que era, não tínhamos muitos exemplos em que nos basear. Por isso, uns queriam ser “dou­tores”, outros padre e outros ainda professores.
No meu caso, cedo se deu uma mudança brusca da aldeia para a grande cidade, e aí, embevecido com tanta coisa que desconhecia, o meu futuro ficou baralhado porque raro era o dia em que não aspirasse vir a ter uma profissão diferente. A minha fa­mília ria-se das mi­nhas op­ções, porque ora queria ser bombeiro, no dia se­guinte polícia, taxista, ma­rinheiro, aviador, enfim! Uma panó­plia de profissões, que levou a família a achar que o ideal era ir para a Casa Pia, onde ensinavam múltiplas profissões e se podia tirar vários cursos.
Lá me le­varam até Belém, para regressar com uma desilusão, pois não havia va­gas. A não ser que.. co­nhe­cessemos o senhor Cunha. Não conheciam. Ten­­tou-se então as Oficinas de São José, afamada escola de ofícios, mas lá vem uma vez mais à baila o senhor Cunha. Seguiu-se a “Fra­ga­ta de D. Fernando”, es­cola de marinheiros que desde os doze anos (a minha idade nessa altura) ali se alistando, teriam depois passagem chegados à adolescência para a Marinha de Guerra.
Mas…então, e o senhor Cunha? Não há cunhasi­nho, não há alistamentosi­nho!...
Nunca roguei tantas pragas a alguém como fiz a es­se senhor Cunha, tão poderoso e ninguém o conhecia!
Apareceu então e por fim uma hipótese. Uma tia conhecia uma freira que disse poder internar o menino num colégio interno, na Co­va da Iria em Fátima, de no­me “Refúgio da Mãe do Céu”, onde poderia tirar um curso ou aprender uma profissão. Ainda perguntei à tia: - « E o senhor Cunha? Não é preciso?»
Uff! Não era. E então, de Rui­vães com uns mesitos em Lisboa, lá fui parar à Co­va da Iria. Foram cerca de dois anos. Ali fui muito fe­liz, aprofundei a minha educação católica mas outros interesses começaram a povoar o meu espírito, porque nem curso nem profissão. Foi-me informado que chegado aos dezoito anos, ou entrava no semi­ná­rio ou deixava o colégio. Aproveitei então uma visita da minha mãe e impuz a minha vontade de deixar o colégio.
Ao longo da minha vida me cruzaria algumas vezes com esse asqueroso senhor Cunha, mas como ninguém alguma vez me disse onde pudesse encontrá-lo, nunca lhe pude dar um murro nos queixos.
Sejam felizes.»

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2021

“Ruivanês”!

 


“Ruivanês”!

           

Tenho o pressentimento de que quanto mais avanço na idade, mais me vem à lembrança a minha infância, toda ela vivida em Rui­vães, e o meu coração trans­borda com essa evocação.
Um dia parti, ainda ra­pazinho, trocando a vida de aldeia pela grande urbe, e muito me custou adaptar nalguns aspectos, sendo o mais dificil o sotaque tipicamente minhoto que era mo­ti­vo de chacota.


Carregava nos “esses”, tro­­cava os “vês” pelos “bês”, tudo que envolvia o “che” era bem carregado.
Os anos passaram, e aos poucos acabei por me integrar linguisticamente, tal co­mo noutras situações.
Agora, vem-me à lembrança a linguagem com que aprendi a falar em Rui­vães, e nem mesmo ao frequentar a escola se como é natural corrigi muita coisa, o sotaque permaneceu e acompanhou-me por muitos anos.
Era de facto uma linguagem estranha, e se hoje se empregassem a maioria des­ses termos, estas últimas gerações não perceberiam patavina.
Pena é, que nenhuma en­ti­dade tenha tido o cuidado de elaborar um registo desse pseudo dialeto, tal como do cancioneiro, de usos e costumes e outros elementos identificativos de uma região e de um povo, e assim se perde um patrimonio histórico e moral que devia ser preservado.
Essas falas, estou em crer que em parte se devem à proximidade da Galicia, porque alguns sinonimos e terminologias de palavras, são comuns ao galego. Prova disso, numa das minhas idas à Galicia, levei um ras­panete em Orense quan­­do me expressei em caste­lha­no (que domino bem) e o su­geito ao topar que eu era por­tuguês, disse-me meio ofendido em “portugalego”:
- Amigo; aqui na Galicia se é português fale em por­tu­guês! Entendemo-lo melhor do que em castelhano.
Aprendi a lição, e vejamos alguns exemplos de ori­gem galega que em Rui­vães empregavamos; “Ca­chi­­­cha” (porcaria), “chi­cha” (car­­ne), “guicho” (esperto), “tri­­lhar” (magoar), “quilhar” (tra­mar), “assistar” (saltar, do tipo «uma fulme­ga as­sis­tou-me para o olho»)”. Mais ain­da, “es­ca­bichar” (raspar), “es­car­rachar” (abrir as per­­nas com uma que­da), “pin­char” (saltar), “espichar” (sal­­picar”), “ati­lho” (fio), “en­ga­ranhar” (mãos parali­za­­das pelo frio), “esbugalhar” (ar­­regalar os olhos), “car­ra­nha” e “moncos” (ranho), etc.
Outras palavras eram pro­nunciadas que hoje não se utilizam, como “cisco” (im­pureza na vista), “bulha” (confronto de porrada), “be­gueiro” (burro), “esga­çar” (es­forçar), “arremedar” (imitar gozando), etc.
A estas expressões e terminologia de fala na nossa vila, porque não considerá-las um dialeto local a que por exemplo poderiamos chamar “ruivanês”.
E termino com uma expressão 100% espanhola, mas que muito se utilizava em Ruivães no meu tempo. - “Canté!...” (Oxalá!...)
Manuel Joaquim F. Barros
2021-01-29


sábado, 30 de janeiro de 2021

«Incongruência de um filho»


 



«No Ruivães da minha infância (décadas de quarenta/cinquenta do século passado), o respeito pelos mais velhos e mais ainda pe­los pais e avós, era tão rigoroso que qualquer deslize dava direito a um tabefe.

Longe de mim tratar meu pai (ou o meu avô) por “tu”, co­mo hoje é usual. Nes­­se tempo, logo que via o meu progenitor pedia-lhe; « -Deite-me a sua benção, meu pai! », e na mão estendida depositava o beijo de respeito.
Ao meu avô (que na realidade foi quem me criou por ausência de meu pai) chamava “paisinho”, o que dava o direito de o poder tratar como se de facto fosse meu pai.
Por tu­do isto me doi, quando vejo nos noticiários que um filho bateu ao pai, à mãe, aos avós, aos professores, e pior que isso quando a agressão leva ao cúmolo de assassinato.
Para divagar um pouco sobre esta matéria, vou contar um caso “destopério” de um filho para com os seus pais.
Queridos Pai e Mãe: Faz três meses que estou na Universidade, e demorei muito tempo a escrever-vos, mas agora vou colocar as noticias em dia. Antes de continuar, por favor sentem-se, que é doloroso o que vos vou contar.
Agora já estou melhor, mas tive uma fratura e trau­matismo craniano por ter saltado da janela do meu quarto em chamas. Passei duas semanas no hospital, a minha visão está quase normal e as terriveis dores de cabeça só uma vez por semana me incomodam. Como o incêndio foi causado por um descuido meu, tenho de pagar â Universidade 5.000 euros por danos causados, mas isso não é nada, o que importa é que estou vivo.
Co­mo fiquei sem onde poder dormir, conheci uma serviçal no hospital que me convidou a ir morar em casa dela. É um quarto num sotão, mas acolhedor, e ela trata muito bem de mim. Tem o dobro da minha idade, mas isso não impediu de nos apaixonarmos, e até queremos casar, o que vamos fazer antes de acabar a gravidês dela.
Pois é, queridos pais, vou ser papá, e como vocês sempre falaram que gostariam de um dia serem avós, calhou mesmo bem, pois são trigémios! Só não casamos ainda, porque a minha noiva foi infetada com o Co­vid 19 no hospital, e co­mo me pegou a mim, es­ta­mos à espera que passe. Esta­mos a pensar ir viver con­vosco, e sei que vão aceitar a minha noiva, apesar de ela praticar outra religião e… ser deficiente!
Ago­ra que já sabem tudo, quero informá-los que não ocorreu nenhum incêndio, não tive qualquer trau­matismo nem fui ao hospital, não tenho noiva nem filhos para nascer. A verdade é que tirei 0 a Física, 2 a Matemática, 1 a Biologia, e quis mostrar-vos que existem coisas bem piores na vida que notas baixas. Um beijo de vosso filho que vos ama muito.
Manuel Joaquim F. Barros
2021-01-14»

segunda-feira, 8 de junho de 2020

«História Milenária»


«Assim se intitula a publicação “síntese biográfica sobre a Vila de Ruivães, desde as primeiras referências em plena ocupação romana até à actualidade”, que chegou à nossa re­dacção, enviada pelo seu autor e colaborador de JV, Ma­nuel Joaquim Fernandes de Barros.
Trata-se de uma colectânea de textos da sua autoria, do­cumentos, carta de foral de Villar de Vacas (27/06/1363), mapas, gravuras, fotografias, recortes de jornais, particu­lar­mente do Jornal de Vieira.
“Cito muitas vezes o J.V., porque sendo o único jornal do concelho (que eu saiba), tem, desde sempre, dispensado atenção redobrada por Rui­­­vães e o que por lá repassa, e se mais não noticia é porque não tem repórter no exterior, carece de quem o informe do que merece ser noticia, o que eu faço há perto de 25 anos mas claro á distância, porque não sou residente, e por isso falo da minha infância” escreve Manuel de Barros a págs.43.
Outeiro do Vale, com registo histórico desde o séc. Iº da Ocupação Romana; Villar de Vacas, Início da Nacionalidade; “Ruivaens”, (século XVIII/XIX) e Ruivães (século XX), são os 4 capítulos do trabalho que esperamos ver um dia desde ser publicado. Seria “Ruivães, a utopia!” - como es­creve Manuel de Barros na introdução: “Falar de Rui­vães, é dor que me vai na alma. É algo que nasceu comigo. Se um dia nos desligar-mos, que nos desligaremos, eu sei, só queria levar comigo um pedacinho desta minha terra amada”.»


segunda-feira, 5 de agosto de 2019

«Misterioso»




Retirado das edições nº 1088 e 1089 d' O Jornal de Vieira, de 15 de Julho e 1 de Agosto de 2019, respectivamente. 



sábado, 16 de fevereiro de 2019

«Vieira desvaloriza Ruivães»





Esta afirmação, sem ferir sus­ceptibilidades, tem a sua ra­­zão de ser, até porque fe­re os sentimentos dos rui­va­nenses que não gostam de ver a sua terra me­nospreza­da nos seus valores históricos e de identidade, menos ainda por quem tem obrigação de os defender. 
Um exemplo disso foi um ar­tigo publicado no Jornal de Vi­eira, na edição de 1 de De­zembro de 2018 na última pá­­­gina e destacado a azul, em que se faz uma resenha da “História do concelho de Vi­eira do Minho”. 
Aí se faz referencia às fre­guesias que integram o Con­celho, onde se valoriza as que estão agraciadas com “Carta de Foral”, mas no que toca a Ruivães, lamentavelmente não mereceu o mesmo tratamento. 
È frequente isso acontecer, não sei se trata de igno­rância ou má vontade, mas neste caso a omissão de Rui­vães como também de­ten­tor de Carta de Foral é imper­doá­­vel, tão só porque a esta vila foi concedida a que é a mais antiga do Concelho.
Efectivamente, em 27 de Ju­­­lho de 1363, D. Pedro I (O justiceiro), atribuiu a “Vi­lar de Va­cas” (assim se cha­ma­va Rui­vães à época), a sua Car­ta de Foral, por se tra­tar de um dos mais im­por­tantes Concelhos do Rei­no. Mas is­so, pelos vistos é de somenos importância para quem faz a história do Concelho de Vieira do Minho. 
Tanto assim, que em 2013, fez seiscentos e cin­quen­ta anos da concessão des­sa hon­ra para a vila de Rui­­vães, data propícia a co­me­­morar, mas tanto a Câ­ma­­ra quanto a Junta de Fre­gue­sia deixaram passar em claro essa efeméride sem uma alusãosi­nha que fosse. 
Outro exemplo; quem for à in­ternet e clicar o site da Câ­­­mara Municipal de Vieira do Minho, quando se busca as suas freguesias, ao chegar a Ruivães aí se afirma le­­vianamente que « as primeiras referências a Rui­vães, datam de 1426». 
«Erro crasso, sonhos meus, amor ardente!» Co­mo é possível a Ruivães ser atri­buída a Carta de Foral no sé­­cu­lo catorze, e a sua Câ­ma­ra Municipal lhe atribuir pri­mei­­ras referências no século seguinte? 
E não só! Convido os se­nho­­­res da Câmara de Vieira do Minho, a na internet cli­ca­­­­rem “Vias Romanas”, de se­gui­da “XVII via”, e pode­rão cons­­­tatar que no principio da era Cristã (pelo menos há dois mil anos), como aí se re­fe­re, a 35 milhas de “Brá­cara Au­­gusta”, mais ou menos a distância actual de Bra­ga a Rui­­vães, se situava uma po­vo­ação denomi­na­da “Outeiro do Vale”, nas pro­xi­mida­des de outro po­voa­do de no­me “Outeiro de São Mar­tinho, no mon­te de São Cris­tóvão”. 
Presumivelmente, esta sim é a primeira referência ao que é hoje Ruivães! 
Dessa via que cruzava Rui­­­vães, ainda hoje se con­ser­­va uma extensa calçada ro­­ma­na, tal como um dos ex-li­­bris da vila são os vestí­gios arqueológicos da outra po­voa­­ção no sítio também ain­da conhecido por “São Cristóvão”. 
Assim, sonegar centenas (mi­lhares) de anos a Rui­vães é ingrato, e para quem ama aquela terra dói muito ver as­sim menosprezada a sua iden­­tidade, mais ainda por quem tem a obrigação de a defender. 
O menosprezo vai mais lon­­­­ge no que a mim diz res­pei­to, porque em tempos en­viei à Câmara de Vieira e ao cuidado da Presidência um extenso processo, docu­men­­ta­do com alguns dados aqui referidos e com­ple­me­ntados com fotos retiradas da net, pa­ra que pelo menos o site fos­­­se re­tificado, mas.. como resposta, apenas recebi o re­ci­­bo do aviso de re­cepção. 
È comum dizer-se que a pa­ternidade falha quando se tem muitos filhos, e daí re­­sul­ta que uns são tratados co­mo filhos da mãe, outros co­mo enteados. 
Mas apesar do meu lame­n­­to, acredito em quem ge­re o nos­so Município, e te­­nho es­­pe­rança que se acabe por “dar a César o que é de Cé­sar”. 
As minhas saudações a to­­­dos os ruivanenses, amem profundamente a vos­­sa terra que tem tanto de be­la quanto de histórica e importante.
Manuel Joaquim F. Barros
2019-02-13

segunda-feira, 26 de novembro de 2018

«Tudo bem, mas...»



Podemos ter o Paraíso ao nosso alcance, mas… há sempre um “mas”. 
Como anualmente faço, vi­vi­do o mês de Agosto em Rui­vães, dou-me ao cuidado de apreciar o que de novo se fez, e o que falta fazer, e aqui expresso com o beneplácito do J. V. o meu parecer, estri­ta­mente de um observador com direito à sua opinião por ser filho da terra. 
O pelourinho: por fim me parece que se acertou na intervenção feita, melhor ainda com iluminação no­cturna, mas… não gos­tei da lavagem que sofreu, pois retirada a patine, as inscrições no capitel, já de si gastas pelo tempo e que mal se percebiam, ago­ra, quase desapareceram. 
Serviços destes, são por norma executados após parecer de especialistas em ar­queo­logia. 
A igreja: igualmente ao lhe “lavarem a cara”, está bonita, mas… assim, parece uma edificação recente, quando se podia limitar a limpar fungos, retocar uma ou outra ma­zela.
Agora, o seu aspecto antigo de construção centenária passou à história. 
Que graça tinha se fizessem o mesmo à “Casa do Ama­deu César” logo em fren­te? (Espero que nunca o não façam!) 
Não é pelas camadas acumuladas na pedra ao longo dos anos que os arqueólogos mediante estudos científicos definem a idade de um monumento ou de um vestígio ar­queológico? 
Este é o parecer de um lei­go, mas faz-me lembrar quan­do um dia pintaram de branco o cruzeiro de Santo Amaro, uma demonstração de pura ignorância! 
O que mais gostei, foi finalmente terem limpo a mística Quelha do Barreiro. Tantas ve­zes pugnei por isso, por fim alguém fez jus e viu nessa acção a medida que se im­punha. 
Igualmente o caminho que vai da Roca até debaixo da ponte foi limpo, proporcionando assim a quem se des­lo­car ao rio a pé, evitar o perigo da estrada sem passeios, com os carros a nos obrigar a fazer piruetas para os evitar, pa­ra não falar na soalheira que nos dois sentidos se apanha, ao contrário da aprazível sombra desse caminho. 
O trilho entre pontes, um mi­mo, a reposição da calçada romana nem se fala, mas... pena é que o troço que ha­via dado lugar à estrada pa­ra a mini hídrica e que foi re­posto, tenha agora nos dois lados altas e simples barreiras de terra, perspectivando-se que as enxurradas do In­ver­no de novo cubram esse marco histórico e milenário da nossa vila. 
O parque de lazer do Traves continua lindo, mas… a falta de estacionamento para quem nos visita é uma grande lacuna que mereceria a atenção de quem de direito. Sei que é difícil, porém, não ha­verá por ali um campito que a Junta adquirisse e trans­formasse em parque de estacionamento? 
Sepulturas antropomór­fi­cas em São Cristovão; la­men­to, muito mesmo, é o desprezo a que estão votados estes vestígios de uma ci­vilização que habitou a nossa terra, vitimas de vandalismo de acordo com fotos de dezenas de anos que possuo e que comparadas ao que são hoje é de bradar aos céus. 
O acesso é inexpugnável, e no interior das sepulturas rom­pem agora urzes cujas raí­zes estão a danificar esse carismático monumento. 
Porque não se pede à Dire­c­ção Geral do Património Cul­tural para classificar as se­pulturas como sítio de inte­resse público e a respectiva fi­xação de uma ZEP (Zona Especial de Protecção), como aconteceu com a “La­ge dos Can­ti­nhos” em Zebral? Fi­ca a sugestão. 
Também não gostei de ver numa das mais antigas casas da vila, na Quintã, o atropelo feito ao edificar-se por ci­ma de um monumental portal do século XVIII, um novo piso em ti­jolo e cimento. Se mais não for, quem o fez não pensou que is­so desvaloriza a propriedade? 
Que Câmara passa li­cença para uma mutilação daquelas? Já não se respeitam edifí­cios com “interesse público”? É deplorável. 
Outro reparo, é um aprazí­vel caminho que ainda há pou­co ligava a Quintã ao ar­co, e que servia de alternativa ao percurso da estrada nacional desde as bombas à bifurcação Cemitério/Frades, sem espaço para se circular e agora, agravado por arbustos que obrigam as pessoas a andar em pleno alcatrão, com o perigo inerente pois os car­ros passam ali a grande velocidade. 
Para além de inexpugnável em parte do troço, depara-se agora interrupção por acção de uma casa ali construída, empurrando-nos umas cen­te­nas de metros até ao “es­tra­dão que vem de Santo Ama­ro. Incompreensível. Um ca­minho público virou privado? 
Por hoje (e por este ano “cri­ticamente” falando) é tu­do, espero os meus conterrâ­neos aceitem estas minhas ob­ser­vações como uma critica cons­trutiva que é, e não ser acusado (como já fui) de ao fazer estes reparos “estar a dizer mal da terra”. 
Tudo de bom para os rui­va­­­nenses e para a nossa amada terra.
Manuel Joaquim F. de Barros
2018-11-13

quarta-feira, 12 de setembro de 2018

«Alexandre, “o mudo de Vale”»










De seu nome Alexandre Luís Pereira de Oliveira, es­ta figura singular de Rui­vães, foi durante a sua vida vítima de uma grande infeli­cidade, que era a sua defici­ência, o que lhe valeu ser tolerado por alguns, mas mal amado por muitos para quem era apenas o “mudo de Vale”. 
Eu tinha apenas menos oito anos que ele, e vivi o tempo em que ele divertia as pessoas quando aos do­mingos após a saída da missa e a troco de uma moe­­da subia a escadaria da casa sobranceira à fonte, passava para a varanda e dali imitava o sr. Abade no púlpito no sermão dominical. 
O pessoal delirava,riam-se a bandeiras desprega­das, mas a mim metia-me pe­na não ele, que coitado não discernia, mas as pessoas que o incentivavam e o levavam a cometer o que eu na base da minha já formação religio­sa, considerava um pecado. 
Outros, pagavam-lhe bebidas {que como é evidente o transtornava) até ao pon­to de o verem embria­ga­­­do e nisso verem mais uma forma de divertimento.
Lembro-me de um dia na festa de S. Bartolomeu, tol­dado pelo álcool, chorava como um perdido e foi refugiar-se debaixo da pista de carrinhos de choque com eles em movimento, o que levou à sua interrupção e foi o cabo dos trabalhos para de lá o tirarem. 
Um dia, não sei se a famí­lia ou quem foi, conseguiram o seu internamento na Ca­sa Pia,mas a viagem era dispendiosa o que levou a ge­rar-se um movimento pa­ra conseguir o dinheiro ne­ce­s­sário. 
Mobilizaram-se os alunos da escola para fazer o pe­di­tório, e a mim tocou-me jun­­­to com a “Lai do César” des­­locarmo-nos para fora da vila. 
Ainda hoje me custa a que­­­­rer, como eu com sete ou oito anos pedimos boleia ao camionista da empresa Campos Ferreira que de Bra­­ga ao Iongo da E.N.103 fazia entrega de mercadorias, e Iá fomos em cima da car­­ga até Ferral, aprovei­tan­­­­­do as paragens para fazer o peditório, munidos de uma justificação para o efeito passada pela D. Aurora, a professora. 
Ao chegar a Ruivães, o Ale­­xandre presenciou a en­tre­ga do dinheiro obtido, e ainda hoje sinto a ternura com que nos abraçou, a mim e à Lai. 
Lá foi, e passados alguns anos voltou a Ruivães, homem pacato e sempre sorri­dente, a saber ler e escrever bem como a entender a lín­­gua gestual. 
Viria a “estabelecer-se” no largo da vila com uma cai­­­­­xa de engraxador, o que lhe proporcionava um excelente ganha pão. 
Então, sempre que me des­­locava a Ruivães em fé­rias, vinha ao meu encontro e com gestos me afian­ça­va que jamais esqueceu o meu contributo para a sua ida para Lisboa. 
O ano passado ainda, en­tretanto utente do Lar, não fal­tou aquele abraço. Este ano já não acontecerá, porque em Maio entregou a al­ma ao criador. 
Perdi um amigo, que Deus o tenha junto a si. 

Manuel Joaquim F. Barros
2018-08-30

quinta-feira, 7 de dezembro de 2017

Ruivães, 1972




«O NSU era de um amigo meu, levou-me de propósito a Ruivães para pedir à minha falecida sogra a mão da filha...»


Fotografia gentilmente cedida por Manuel Joaquim F. de Barros. Esta é a última fotografia do lote que nos foi cedido por este nosso conterrâneo e que temos vindo a publicar desde o ano passado. 
Se tem fotografias antigas da nossa freguesia que gostaria de ver publicadas nesta página, entre em contacto connosco.

quarta-feira, 1 de novembro de 2017

Poço Maria Pereira (1987)







«O poço de Maria Pereira, é de 1987, tinha meu filho 11 anos, encontra-se na foto ele, ao fundo do lado esquerdo), o primo Miguel (filho do Valdemar) em primeiro plano,a Sónia, minha esposa (a última do lado direito) e sinceramente não conheço mais ninguém.»


Voltamos às fotografias antigas do nosso conterrâneo Manuel Joaquim F. de Barros, passados quatro meses depois da última publicação. Esta fotografia faz parte de um lote de fotografias que nos foi cedida e que temos vindo a publicar desde o ano passado. Se tem fotografias antigas da nossa freguesia que gostaria de ver publicadas nesta página, entre em contacto connosco. 

domingo, 15 de outubro de 2017

«Ruivães: Como eu o vi este ano»





Mais umas férias se passaram, o mesmo que dizer tempo de convivência, do regresso às origens e acima de tudo a tomada de conhecimento do que novo há pela nossa vila. 
Há obra feita, sim senhor, traduzida nalguns melhoramentos e alguma inovação, como há também aprovação por uns e contestação por outros sobre o que foi feito (ou se está a fazer). 
Em Ruivães – e não só, já que se trata de uma enfermidade nacional – é apanágio da nossa gente reclamarem porque não se faz, mas quando se faz as opiniões divergem, uns acham bem outros contestam, mas só aí opinam como devia ter sido feito. 
É um facto que é difícil agradar a gregos e troianos, mas o tempo que é bom conselheiro, acaba por levar ao esquecimento e mais não se diz. 
Eu já fui critico nestas páginas que o Jornal de Vieira me põe à disposição -já lá vão mais de vinte anos -, mas foi sol de pouca dura, porque ao apontar o que de mal havia na vila, fui acusado de estar a–“dizer mal da terra”, ainda que a crítica fosse construtiva. Foi então que me dediquei a outro tipo de escrita, sempre versando Ruivães, mas enaltecendo os usos e costumes da terra, as tradições que a minha memória gravou, as gentes que o tempo não fez esquecer, em suma; a minha vivência em Ruivães, que me leva às décadas de quarenta e cinquenta do século passado.

Hoje, porém, vou reviver um pouco a minha condição de crítico, abrindo aqui um “parêntese” sem no entanto - assim espero – ferir sentimentos. 
Como sempre faço, inteiro-me ao chegar a Ruivães do que de novo há por lá, destacando a capela mortuária em construção, a intervenção na base do pelourinho e o trilho ao longo do Saltadouro de ponte a ponte, e pouco mais. 
Sobre a capela mortuária, nada a dizer, é uma mais valia que há muito era necessária. 
Já sobre a intervenção na base do pelourinho, ouvi tantos e contraditórios comentários, evitando revelar o que penso porque sou amigo de toda a gente e dessa forma evito conflitos. 
No entanto, aqui, vou dar o meu parecer na minha condição de ruivanense. 
Acho muito bem que se preserve o monumento pluri-centenário, o verdadeiro ex-libris da nossa vila. O que tem acontecido ao longo dos tempos na base em que assenta e no largo onde está inserido, das várias intervenções a que tem sido sujeita, esta para mim é a mais aceitável. Apenas peca pelas suas dimensões, pois uns bons centímetros a menos na sua área era o que se impunha. 
Deveria ter-se levado em conta que pelo largo se circula nos dois sentidos, para além de pelo direito que lhes assiste, os residentes no largo aí estacionarem as suas viaturas. 
Ora o estreitamento desse espaço, principalmente junto à ”casa do Hermínio”, dificulta -e de que maneira – a circulação. Mas… está feito, está feito. 
O trilho, vem na altura em que por esse país fora surgem iniciativas destas. Está espectacular, mas… (há sempre um–“mas”) deveria ter uma divulgação - que tem faltado também à praia fluvial. 
Deveria ainda como complemento, ter sido feita uma intervenção mais alargada ao passar pelo histórico poço de Maria Pereira, como devia ter uma ligação ao caminho - por mim tão badalado – que partindo debaixo da ponte termina na capela da Roca. É que quem faz a caminhada, não leva carro, e mesmo quem se destine ao rio está impossibilitado de utilizar um percurso fresco quanto baste (ao contrario da soalheira que os premeia pela estrada aliado a outros perigos inerentes). 
Porquê, esse caminho este ano nem sequer foi limpo? 
Quem não reparou nos grupos de jovens (e não só) que diariamente se deslocavam (a pé, claro) para o rio, tendo de o fazer pela estrada num percurso sem bermas e onde os carros passam a grande velocidade, alheando-se das “fintas” que se tem de fazer para não se ser atropelado. 
Será necessário acontecer um “atropelo em massa” para então sim se pensar seriamente nesse caminho e na sua utilidade indiscutível cuja limpeza não é certamente tão dispendiosa que se não possa efectuar pelo menos uma vez no ano? 
Que saudades – e estão comigo os meus contemporâneos – do tempo em que enchíamos esse caminho de clamor, em correrias e tropelias em direcção ao Traves, ao Maria Pereira e ao Chabouco! 
Por aqui me fico, esperando quem de direito não descure nada do que de bom Ruivães merece.
Joaquim F. de Barros
2017-10-12

segunda-feira, 18 de setembro de 2017

"O COMBATE DE RUIVÃES"





COMBATE DE RUIVÃES, (ou ACÇÃO DE RUIVÃES), foi um confronto militar entre forças opostas do Exército Português travado a 18 de Setembro de 1837, na localidade de Ruivães, no contexto da Revolta dos Marechais. As forças afectas ao governo, comandadas pelo Visconde das Antas, derrotaram as forças sublevadas, comandadas pelo Barão de Leiria. A vitória governamental determinou o fim da revolta com a assinatura da Convenção de Chaves, que a 7 de Outubro daquele ano determinou a rendição das tropas sublevadas, que ficaram à disposição do governo. Os oficiais, foram autorizados a manter os seus postos, mas passaram a ser pagos de acordo com a tarifa de 1719. Os chefes da revolta, o marquês de Saldanha, o duque da Terceira, o duque de Palmela, Silva Carvalho e Mouzinho de Albuquerque foram obrigados a procurar exílio fora de Portugal.

Nota:
“José do Telhado”, o herói que se tornou vilão e que já havia estado envolvido na revolta da Maria da Fonte, tendo sido um dos líderes dessa insurreição, também interveio com grande valentia no Combate de Ruivães, como reza um poema a ele dedicado:

     O Zé por lá continuou a lutar
     Nas batalhas de Ruivães e Chão da Feira
     Pancadaria da grossa
     Mas ele – nem uma mossa !
     Sempre à frente erguendo bem alto a bandeira
     Mas o fim não foi feliz
     Pois perderam por um triz
     E a revolta teve de ficar por ali
     E o Zé recambiado para o estrangeiro
     Exilado para Madrid

Foi um dos oficiais que teve de se exilar no estrangeiro, não obstante ter sido condecorado com a maior das condecorações militares de Portugal, que ainda hoje se atribui, a de “Oficial da Torre e Espada”.
Voltaria a Portugal para comandar um bando de salteadores, e de novo por Ruivães algumas vezes deambulou, acoitando-se na Casa do Corvo (Ou do Vale, hoje conhecida por “casa do Lagarto”) em Vale.



***

Paulo:
Comemoram-se 180 anos do "Combate de Ruivães" (ou "Acção de Ruivães"), com a intervenção do famoso "Zé do Telhado" que pelas bandas de Ruivães assentou arraiais.
Acaso queiras nessa altura fazer uma alusão ao acontecimento, desde já te envio esta compilação.
Atenção, que a gravura do combate, não sei se retrata as serranias ruivanenses, porém as tropas, uniformes e armamento são originais dessa época.
Um abraço.

Manuel Joaquim F. de Barros